quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Lula inicia 2025 tomando surra nas redes - Ranier Bragon

Folha de S. Paulo

Governo tentou aplicar a tática do avestruz ao tentar reduzir a crise do pix a uma mera onda de fake news

A segunda metade de Lula 3 não começou bem. Para quem no Palácio do Planalto vislumbrava um difícil fevereiro com o possível troco do Congresso à tentativa de revisão do modelo de emendas parlamentares, o caso do pix chegou para mostrar que a maré pode piorar.

O ano virou com as manchetes retratando as decisões de Flávio Dino sobre as emendas, o que em tese pode até ser bom para o Executivo ao lhe devolver a gerência de parte da bilionária verba.

Parlamentares, porém, não estão felizes e voltam aos trabalhos em fevereiro prometendo as emoções de sempre para o governo, que na visão deles é quem está por trás da ofensiva do STF.

Em 8 de janeiro, Lula patrocinou uma solenidade que se resumiu à esquerda, a ministros do STF e a alguns gatos pingados levados ao evento quase de forma coercitiva —militares e ministros do centrão.

Chegamos à atual semana com o começo de uma até agora incerta mudança ministerial e com governadores também prometendo troco devido aos vetos ao projeto de renegociação das dívidas estaduais e à proposta federal para a segurança pública.

A grande dor de cabeça governista, porém, tem três letras.

A instrução da Receita faz sentido na letra fria da lei e também no mundo como ele —supostamente— deveria ser. Primeiro, não haverá taxação do Pix. Segundo, sobre aperto à sonegação, quem não deve não teme.

Ocorre que não vivemos no suposto mundo ideal.

O chão se abriu para o governo quando o temor do recebimento de uma carta da Receita se abateu sobre expressiva parcela da população —diaristas, camelôs, cabeleireiras, jardineiros, pedreiros, taxistas, palhaços de festa e vendedores de pipoca, como exemplificou Jair Bolsonaro, líder do bloco da oposição que deitou e rolou nas redes.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), por exemplo, tinha vídeo que beirava 200 milhões de visualizações na tarde desta quarta-feira (15).

A crise do Pix não se resume à fake news de que ele será taxado. Tanto é verdade que o governo decidiu revogar a medida da Receita.

Em meio a esse inferno astral, Lula deve reunir seus ministros na segunda-feira (20).

É o mesmo dia do esperado êxtase da direita nacional e mundial com os ventos que virão de Washington.

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