Folha de S. Paulo
Governo tentou aplicar a tática do avestruz
ao tentar reduzir a crise do pix a uma mera onda de fake news
A segunda metade de Lula 3 não
começou bem. Para quem no Palácio do Planalto vislumbrava um difícil fevereiro
com o possível troco do Congresso à tentativa de revisão do modelo de emendas
parlamentares, o caso do pix chegou para mostrar que a maré pode piorar.
O ano virou com as manchetes retratando as decisões de Flávio Dino sobre as emendas, o que em tese pode até ser bom para o Executivo ao lhe devolver a gerência de parte da bilionária verba.
Parlamentares, porém, não estão felizes e
voltam aos trabalhos em fevereiro prometendo as emoções de sempre para o
governo, que na visão deles é quem está por trás da ofensiva do STF.
Em 8 de janeiro, Lula
patrocinou uma solenidade que se resumiu à esquerda, a ministros do
STF e a alguns gatos pingados levados ao evento quase de forma coercitiva
—militares e ministros do centrão.
Chegamos à atual semana com o
começo de uma até agora incerta mudança ministerial e com governadores
também prometendo troco devido aos vetos ao projeto de renegociação das dívidas
estaduais e à proposta federal para a segurança pública.
A grande dor de cabeça governista, porém, tem
três letras.
A
instrução da Receita faz sentido na letra fria da lei e também no
mundo como ele —supostamente— deveria ser. Primeiro, não haverá taxação do Pix.
Segundo, sobre aperto à sonegação, quem não deve não teme.
Ocorre que não vivemos no suposto mundo
ideal.
O chão se abriu para o governo quando o temor
do recebimento de uma carta da Receita se abateu sobre expressiva parcela da
população —diaristas, camelôs, cabeleireiras, jardineiros, pedreiros, taxistas,
palhaços de festa e vendedores de pipoca, como exemplificou Jair Bolsonaro,
líder do bloco da oposição que deitou e rolou nas redes.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), por
exemplo, tinha vídeo que beirava 200 milhões de visualizações na tarde desta
quarta-feira (15).
A crise do Pix não se resume à fake news de
que ele será taxado. Tanto é verdade que o governo decidiu revogar
a medida da Receita.
Em meio a esse inferno astral, Lula deve
reunir seus ministros na segunda-feira (20).
É o mesmo dia do esperado êxtase da direita
nacional e mundial com
os ventos que virão de Washington.
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