terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Viva a arte, viva o cinema brasileiro - Guto Rodrigues

Estou muito feliz com a consagração de Fernanda Torres, como melhor atriz, no Globo de Ouro, um momento histórico inesquecível. A arte e a ética corrigem as deformações e a insanidade da vida, não joga pra debaixo do tapete, os crimes dos algozes da ditadura, não se conformam com o "melhor é deixar pra trás".

Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres, traz tanta verdade, tanta leveza e serenidade. Uma frágil mulher desafia e desvela a face oculta e monstruosa da ditadura, nos revelando que não é possível deixar que se exaltem torturadores, assassinos como o ídolo de Bolsonaro, Coronel Ustra.

A veneranda Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Montenegro, em cena curta, sem fala, acometida pelo Alzheimer, expressa em seu rosto, ao ouvir reportagem sobre seu marido Rubens Paiva, que nem a doença que destrói as funções cerebrais conseguiu apagar sua triste perda.

Parabéns, Fernandinha Torres, minha lindinha, 25 anos depois, você com sua grandeza e simplicidade completa a jornada que sua mãe iniciou também, com Walter Sales.

O fascismo que governou, recente, o nosso país e tentou acabar com a cultura e diminuir e desvalorizar seus artistas, ocasionando por desgosto, a perda do ator Flávio Migliaccio, para o suicídio.

Com a vitória de Fernanda Torres a arte e a ética dão a volta por cima e o colocam em seu lugar de desprezo, insignificância e repulsa. Ditadura nunca mais! Viva a arte, viva o cinema brasileiro!

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