O Estado de S. Paulo
A aposta é de que a ala política, com o marqueteiro à frente, vai ditar as decisões do governo até 2026
É crescente o temor de que o
tombo nos índices de aprovação do presidente Lula terá um impacto populista
sobre as principais variáveis macroeconômicas em 2025 e, sobretudo, em 2026,
ano de eleição presidencial: um piso para a desaceleração do crescimento do PIB
e um teto para o aumento dos juros, com efeito colateral sobre a inflação.
Com a reeleição no foco do presidente, especialmente depois de ter colocado o seu marqueteiro da campanha eleitoral em 2022 como funcionário do governo, ocupando a Secretaria de Comunicação Social, dificilmente Lula abrirá mão das suas principais bandeiras políticas, como criação de postos de trabalho, baixa taxa de desemprego e programas de transferência de renda.
Para tanto, seria necessário
evitar que um aperto adicional na política monetária leve a um esfriamento
demasiado da economia. Assim, o Banco Central manteria a taxa Selic no patamar
de 14,25% ou não a elevaria muito além desse nível. Mas, se o BC decidir adotar
uma postura mais dura, jogando os juros para acima de 15%, a suspeita é de que
Lula possa neutralizar o efeito restritivo da política monetária ao adotar
medidas fiscais de estímulo ao consumo. Um exemplo disso seria a aprovação do
aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil, sem as devidas
medidas de compensação da arrecadação.
Na última pesquisa Focus, do
BC, o consenso das projeções aponta para um crescimento de 2,01% do PIB, em
2025, e de 1,70% em 2026. A estimativa dos analistas é de uma taxa Selic a 15%
no fim deste ano, com a inflação subindo 5,60%, em 2025, e 4,35% em 2026, acima
da meta de 3% perseguida pelo BC.
Uma das vítimas acidentais
desse cenário de “tudo pela reeleição” é o modelo dos economistas para projetar
as variáveis macroeconômicas. Os erros dessas projeções ao longo dos anos são
até corriqueiros, mas agora o grau de confiabilidade é ainda menor. Se um
economista trabalhar com o cenário de uma Selic a 15,50% ou até 15,75%, a sua
projeção de PIB talvez não seja reduzida tanto, como a hipótese de juros mais
altos exigiria, diante da suspeita de que uma postura fiscal mais frouxa acabe
sabotando a intenção de esfriar a economia para trazer a inflação de volta à
meta.
Já está sacramentada a visão
entre analistas de que, para Lula e o PT, gasto é vida e que, para isso, não há
problema em ter um pouco mais de inflação. Não à toa, a aposta é de que a ala
política, com o marqueteiro à frente, vai ditar as decisões do governo até
2026. A política fiscal de Fernando Haddad perdeu completamente a relevância.
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