Valor Econômico
São Paulo e Minas seriam os maiores
perdedores, enquanto Cento-Oeste e Rio Grande do Sul ganhariam
O Brasil pode
perder US$ 1,970 bilhão (R$ 11,5 bilhões) de exportações com a guerra comercial entre
os Estados Unidos e
a China,
conforme simulação feita por economistas da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG).
Na primeira simulação da equipe, levando em conta apenas as tarifas anunciadas por Donald Trump no começo do mês, incluindo taxação adicional de 10% sobre o Brasil, o país perderia cerca de US$ 7 bilhões de exportações, essencialmente de produtos industriais.
Mais tarde, na segunda simulação, somando a
imposição das novas tarifas americanas e a retaliação de 34% da China contra os
EUA, o modelo da UFMG mostrou que o Brasil teria leves oportunidades, com
exportações adicionais de US$ 428 milhões. O setor de soja seria o grande
ganhador. A indústria perderia vendas.
Agora, os economistas da UFMG fizeram uma
terceira simulação, a partir das medidas anunciadas na semana de 7 a 11 deste
mês: elevação das tarifas dos EUA das importações da China para 145% e de 10%
para os demais países; elevação para 25% da tarifa de importações de automóveis
e aço nos EUA, de qualquer país; elevação de tarifas da China das importações
dos EUA para 125%.
A conclusão é que o Brasil perderia
exportações de US$ 1,970 bilhão. Os impactos setoriais das medidas tarifárias
dos EUA e da China na economia brasileira seriam muito diferenciados. Os
efeitos de elevação de exportações seriam limitados a poucos setores (soja,
vestuário, computadores, produtos minerais).
Impacto no valor das exportações da guerra
EUA-China
Exportações
brasileiras |
US$
milhões |
Agropecuária |
6.642 |
Indústria |
-6.409 |
Serviços |
-2.202 |
Total |
-1.970 |
Fonte: UFMG
O incremento de importações seria mais
generalizado, em produtos agrícolas e industriais, já que as altas tarifárias
afetariam de forma relevante os preços internacionais. O maior efeito negativo
seria para equipamentos de transporte. O impacto positivo mais importante viria
de novo com soja e derivados de petróleo.
Desta vez, a equipe da UFMG juntou ao modelo
global um modelo inter-regional dos 27 Estados brasileiros, para simular o
impacto regional no PIB das medidas tarifárias dos EUA e China.
Com o impacto positivo na soja, a estimativa
de ganhos nos estados do Centro-Oeste e no Rio Grande do Sul não surpreende. Os
Estados do Sudeste teriam as maiores perdas, dado o efeito na produção
industrial e entrada de importações. Em São Paulo, o impacto corresponderia a
uma perda de cerca de R$ -4 bilhões, e em Minas Gerais de R$ -1,16 bilhões. Os
ganhos no Centro Oeste praticamente equivalem as perdas estimadas nos estados
do Sudeste.
O levantamento foi feito pelos economistas
Edson Paulo Domingues, João Pedro Revoredo Pereira da Costa e Aline Souza
Magalhães, da UFMG usando a metolodogia do "Modelo GTAP (cuja base de
dados é mantida pela Universidade de Purdue, EUA). É amplamente utilizado em
análises de comércio internacional e adaptado para essas estimativas pela
equipe da UFMG. O modelo assume que os mercados respondem aos choques de
tarifas e atingem um novo equilíbrio de produção e comércio. Serve como uma
indicação, no contexto atual de muita incerteza.
Certo mesmo é que todos vão perder numa
guerra comercial. O que o Brasil tem de fazer, como já escrevemos aqui, é
aumentar sua resiliência e tentar diversificar aceleradamente seus mercados.
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