Correio Braziliense
Trump tem indícios de uma autocracia. Sob o
lema de "Tornar a América grande novamente", o magnata republicano
parece não ter freios ou limites
Dê poder a um homem e você o conhecerá. Dê poder a ele duas vezes a ele e conhecerá sua verdadeira face. Não sei se esse ditado existe ou se o criei em meio à minha insônia. São 4h de uma terça-feira e a busca por um tema para este artigo contribui para afastar o sono. Penso na catástrofe humanitária em Darfur, na vitória do conservador Daniel Noboa no Equador, na guerra brutal de Israel e da Rússia em Gaza e na Ucrânia, na força do papa que esteve à beira da morte. Todos eles são bons temas de serem esmiuçados nessas poucas linhas. Escolhi falar sobre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde que retornou à Casa Branca, o republicano promoveu uma escalada autocrata no país mais poderoso do mundo — ou seria a China? Raciocínio típico dos xenófobos, rotulou os imigrantes não documentados de terroristas e criminosos, e ordenou a prisão dos estrangeiros ilegais nas escolas, igrejas, locais de trabalho e hospitais.
Ao seguir a cartilha da extrema direita,
Trump nomeou, para a pasta da Saúde, um negacionista que desacredita as vacinas
e defende a retirada do flúor da água. Em menos de 100 dias de governo, o
republicano bombardeou a Somália e o Iêmen, deu carta branca para Benjamin
Netanyahu seguir com o massacre em Gaza, propôs ação militar para tomar a
Groenlândia e intensificou as ameaças contra o Panamá. Também atacou o
Judiciário, ao questionar a imparcialidade dos tribunais. Sob a alegação de que
os Estados Unidos são "explorados" pelas outras nações, travou uma
guerra tarifária com boa parte do mundo. Os reflexos negativos na economia
americana e nas bolsas de todo o planeta o fizeram recuar, apesar de manter a
pressão sobre a China.
O homem que incitou o ataque ao Capitólio, em
6 de janeiro de 2021, enquanto os congressistas certificavam a vitória do
democrata Joe Biden, agora fala em terceiro mandato. Um cenário absurdo, que
demandaria a subversão e a transgressão da Constituição americana. Trump
também persegue estudantes universitários pró-Palestina, sob a desculpa de que
contrariam a política externa do governo. Eu pergunto: como fica a liberdade de
expressão? Logo que tomou posse, o republicano decretou os gêneros masculino e
feminino como os únicos existentes. Na prática, lançou no limbo as pessoas
transgênero, queer, intersexo e não binárias, que não conseguirão tirar
documentos e ter acesso a benefícios sociais, entre outras coisas.
Especialistas com quem conversei nos últimos
dias afirmam categoricamente que o governo Trump tem indícios de uma
autocracia. Sob o lema de "Tornar a América grande novamente", o
magnata republicano parece não ter freios ou limites. Os três primeiros meses
de governo talvez sejam os mais polêmicos da história. Caso Trump não dê uma
correção de rumo até a democracia, os Estados Unidos poderão pagar um preço
muito alto pelos arroubos de quem acha que goza de mais poder do que realmente
tem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.