“Por outro lado,
diversamente das duras críticas desferidas contra a mistificação da religião e
o sistema feudal da igreja católica, Gramsci reconhece a importância do
cristianismo na história, a fermentação das comunidades primitivas no meio
popular, os movimentos heréticos na Idade Média, a Reforma e a sua influência
nas revoluções modernas, a grandeza de figuras como São Paulo (Q 7, § 33, p.
882), São Francisco(Gramsci, 1972b, p. 10), Giuseppe Cottolengo (Gramsci,
1972b, p. 108-109) e a “mística” de Carlos Péguy que conjuga socialismo e
cristianismo (Gramsci, 1972b, p. 33-34). Ecoando posições de Engels (1973, p.
307 et seq.)9 salienta que, antes de tornar-se “concepção do mundo oficial do
Império” e estrutura de poder na Idade Média10, o cristianismo foi um grande
movimento de “sublevação das massas populares” capazes de enfrentar a
clandestinidade e a perseguição, um extraordinário projeto de “destruição e
criação histórica”, uma “revolução” na plenitude do seu desenvolvimento que,
com a sua expansão molecular e a capacidade organizativa das energias populares
em torno de uma vontade coletiva, conseguiu realizar uma autêntica “reforma
intelectual e moral” e “a criação de um novo e original sistema de relações
morais, jurídicas, filosóficas e artísticas” (Gramsci, 1975b, p. 154 et seq.)."
*Professor Titular de
Filosofia da Educação na Universidade Federal Fluminense (UFF), Pesquisador do
CNPq e Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Filosofia, Política e
Educação (NuFiPE/UFF)
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