O Estado de S. Paulo
Após a guerra da Igualdade Racial com
Direitos Humanos, cobras e lagartos da pasta das Mulheres?
Alinda foto da posse de Lula no terceiro
mandato, com uma profusão de cores e sorrisos, entre homens, mulheres,
indígenas, brancos e pretos, amarelou rapidamente, como se fosse antiga, de
outros tempos. Dois ministros foram demitidos por desvios, um por conveniência
política, mais um por assédio e, das 11 mulheres, quatro caíram. Aliás, nenhuma
delas por corrupção, mas por desempenho.
A última demissão, justamente da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, não foi apenas de surpresa, mas de forma inusitada: quem anunciou a troca não foi o presidente, nem o Planalto, nem a própria ministra que sai, mas, ora, ora, a ministra que entra. Onde já se viu uma coisa dessas? Márcia Lopes foi convidada por Lula e correu para anunciar aos quatro ventos, com a antecessora ainda no cargo, que tomaria posse ontem. No mínimo, deselegante.
Além de Cida, acusada de assédio moral e até
de xenofobia pela própria equipe e de dar pouca visibilidade à pasta e aos
programas para mulheres, já caíram as ministras do Turismo, Daniela do
Waguinho, do Esporte, Ana Moser, e da Saúde, Nísia Trindade, tragadas pelo
redemoinho político. Das quatro, só Cida foi substituída por outra mulher,
igualmente do PT, como ela.
A foto inicial também esmaece em áreas
sensíveis para o PT, com destaque para a guerra da ministra Anielle Franco contra
o então colega Silvio Almeida, defenestrado por assédio. Igualdade Racial
contra Direitos Humanos, com protagonismo de dois ministros negros?! Agora,
mais essa: crise na pasta das Mulheres.
A única que cresce e aparece é a
ex-presidente do PT Gleisi Hoffmann, da Articulação Política, mas duas outras
mulheres que tinham tudo para estar na vitrine parecem tímidas, ou de
escanteio. Uma é Marina Silva (Rede), do Meio Ambiente. A outra é Simone Tebet,
do MDB, que venceu todos os debates da eleição de 2022 e foi audaciosa ao
assumir o Planejamento com Lula.
Márcia Lopes, assistente social e professora
do Paraná, é irmã de Gilberto Carvalho, figura-chave nos primeiros mandatos de
Lula e desviado para o segundo escalão no terceiro.
Ela tem pressa para “entregar” o que Lula
possa vender bem para o eleitorado feminino, nestes tempos de INSS, anistia
para o 8/1, inflação e juros em alta, popularidade em baixa e temor quanto ao
arcabouço fiscal.
O risco é Cida Gonçalves roubar a cena e
ganhar como ex-ministra os holofotes que não teve como ministra. E não por bem.
Depois do assédio do ministro dos Direitos Humanos contra a ministra da
Igualdade Social, sabe-se lá as cobras e lagartos que podem sair do Ministério
das Mulheres... •
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