sexta-feira, 23 de maio de 2025

Angola, 50 anos – Ivan Alves Filho*

No ano em que Angola completa 50 anos de sua Independência, proclamada em 1975, como sabemos, eu não poderia esquecer o meu querido e saudoso amigo Alberto Passos. Um dos fundadores do Movimento Pela Libertação de Angola (MPLA), membro do Comitê Central desse partido angolano, Alberto esteve preso em 1960 com Agostinho Neto. Ou seja, apenas quatro anos após a fundação do MPLA. Como o próprio Agostinho Neto, dedicou sua existência à independência do seu país.
Um dos momentos mais emocionantes da minha vida aconteceu quando o Alberto Passos nos convidou, ao querido Samuel Iavelberg e a mim, para almoçar com ele em Lisboa, precisamente no dia que o Brasil reconhecia a Independência de Angola. E o Alberto só nos revelou isso ao final do nosso almoço: “Vou me encontrar com vosso embaixador. O Brasil vai reconhecer hoje a República Popular de Angola e eu serei o negociador”. Haja coração. 

Na antiga metrópole, as duas ex-colônias portuguesas colocaram um ponto final no colonialismo, após exatos quatro séculos de ocupação. Um dia realmente  histórico e que nunca mais saiu da minha memória. De emocionar qualquer um. Ainda hoje, Samuel e eu nos emocionamos muito com isso. 

Esse fato, por si só, revela o quanto o passado influi no presente ou o quanto o presente se prolonga no passado hoje. Como historiador, não posso ignorar isso. Além do que, nem é preciso recordar o quanto o Brasil deve a Angola, em todos os planos. 

Tenho a firme convicção de que a África tem um extraordinário futuro pela frente, uma vez que, em 2050, de cada dois seres humanos, um nascerá no continente africano. Mais: dois terços das terras agricultáveis no mundo se encontram na África. 

Alberto Passos não lutou em vão. 

*Historiador

 

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