O Estado de S. Paulo
Inicio este artigo com a questão com que
concluí o último: se o governo Lula já aciona, em maio de 2025, o botão do IOF,
ao que estará apelando em maio de 26?
Essa é a questão. Fernando Haddad disse que
recuou – revogou parte do decreto – porque o aumento de imposto sobre
aplicações no exterior “passava uma mensagem equivocada”. A mensagem foi
transmitida de forma claríssima – e captada perfeitamente. Equivocada fora a
decisão por instrumentalizar o IOF para estabelecer repressão financeira.
Equivocada fora a decisão por instrumentalizar o IOF para elevar a arrecadação.
Um conjunto de medidas que pretendeu controlar capitais. Não flertou com o controle de capitais. Quis mesmo reprimir o trânsito de dinheiros. Essa era a intenção. As iniciativas foram pensadas para segurar a saída de recursos do País. Jogada que o ministro da Fazenda chamou de “pequeno ajuste”. E que era “estudada há bastante tempo” – havia mais de ano. Imagine se a turma não estudasse. Estudando, avaliaram que o lance desvalorizaria o dólar...
Volto à questão fundamental: se o governo
encorpa o IOF agora, estará tomando nossa grana de que maneira no ano
eleitoral?
Essa é a questão. Questão que fez, ao
contrário, o dólar mostrar os dentes; porque o cara preferirá pagar o imposto –
perder algum – para tirar os seus dinheiros daqui do que arriscar ter prejuízos
ainda maiores. Exemplo melhor do “risco Brasil” não haverá. Por isso Haddad e
outros estudiosos decidiram recuar – porque já colhiam a desvalorização do
real.
O aumento das alíquotas do IOF não quis
somente controlar capitais. O governo Lula ora aplica o Imposto sobre Operações
Financeiras – que tem natureza regulatória e cuja utilização deve ser comedida
– para fazer política fiscal. Para bater as metas mequetrefes que o próprio
governo propôs. Para cumprir as regras frouxas do arcabouço fiscal – este
presunto – que o próprio governo criou.
Não corta despesas. Congela gastos e
pedala-maquia a conta. Jamais em volume a contento. E então vem tapar o buraco
do puxadinho cobrando mais IOF. É disso que se trata. É disto que se trata,
afinal: dinheiro extra cobrado de nós para financiar mais uma tentativa de
reeleição de presidente.
Haddad, o moderado, aquele que seguraria o
ímpeto gastador do Planalto, falou ao PT, na sede do partido em Brasília, na
segunda, dia 19. Disse: “No ano que vem, a gente vai dar trabalho para essa
extrema direita escrota que está aí. E vamos ver de novo o presidente Lula
subir, mais uma vez, a rampa do palácio”.
No dia 22, quinta, anunciaria a mordida via
IOF, mais um ato para cumprir a profecia de “dar trabalho”. O mesmo que “fazer
o diabo”. Dar trabalho para quem? Quem trabalhará para pagar essa fatura? É
isto, repito, o que se quer: grana – nossa – para tentar empurrar Lula rampa
acima.
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