O Estado de S. Paulo
Derrotas são sinal de clara deterioração política do Lula 3
Há requintes de maldade na maneira como o
Congresso partiu para cima do Executivo ao reverter o aumento do IOF. Parece
até um caso de etarismo, pois se trata de ataque a um governo velho, que
promove ideias velhas abraçado a táticas políticas idem.
O uso pelo Executivo de velhas ferramentas na relação com o Congresso traduz enorme senilidade política, além da incompetência geral dos quadros encarregados da “articulação”. Chega a ser fascinante observar como o Planalto ignora a profunda alteração da relação de força entre os poderes.
O resultado é humilhante para o Executivo, ao
qual faltou desde o início do atual mandato presidencial uma clara agenda
política em sentido amplo. E que se vê manietado e encurralado agora na sua
vital agenda política em sentido estrito, que é aumentar impostos para
sustentar gastos que sempre sobem acima da receita.
É importante ressaltar que se trata de um
faroeste sem mocinhos, cujo pano de fundo é o patrimonialismo profundamente
arraigado no sistema político brasileiro. Reforma recente, como a tributária, é
ilustrativa de como o Estado brasileiro foi capturado e utilizado na defesa de
interesses regionais ou setoriais – e não se trata de corrupção.
Não há diferenças significativas entre o PT e
os agrupamentos políticos ao “centro” (para dar um nome a essa geringonça
política) nesse sentido. Na sua essência, a principal disputa política em
Brasília hoje é por migalhas de um Orçamento engessado, e nessa luta o partido
do governo é apenas mais “fominha” do que os outros.
Nesse contexto de enfrentamento o Congresso
não é visto como “herói”, ainda mais quando trata de aumentar o número de
deputados sem nada fazer para alterar a desproporção no nosso sistema
proporcional de eleição (o voto não vale a mesma coisa em todo lugar). Nem o
Executivo é visto como “vítima”, mas apenas como inoperante e frustrado na
sanha arrecadatória.
Surge como incapaz de governar e de alterar
rumos especialmente na política fiscal, cuja dinâmica própria – agravamento –
reitera nos agentes econômicos (não apenas os operadores de mercado)
expectativas negativas. Que o governo não consegue reverter atribuindo culpa a
Bolsonaro, aos ricos, aos banqueiros, às chuvas, à comunicação oficial, ao
domínio da direita nas redes.
Sobrou a Lula a velha atividade palanqueira
de sempre (curiosamente, está criticando isso em Trump). Na qual surge como um
personagem em busca do que imagina que já foi. E claramente cansado com o
cargo, a situação, a luta incessante e a falta de resultados que pensava colher
logo. Não deve ser fácil decidir se vai mesmo para mais uma eleição.
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