O Globo
A Câmara passou o trator sobre a legislação
ambiental. Os deputados aprovaram o chamado PL da Devastação, que desmonta o
sistema de licenciamento. A votação avançou pela madrugada de 17 de julho, Dia
de Proteção às Florestas.
O tratoraço foi comandado por Hugo Motta. No
início da tarde, o presidente da Câmara recebeu telefonema de Marina Silva, que
pedia o adiamento da votação para depois do recesso. Além de ignorar o apelo da
ministra, ele se empenhou para derrotar o governo. Ficou no plenário até o fim
da sessão, às 3h42 da manhã.
O Observatório do Clima classificou a aprovação do projeto como um “crime histórico” e uma “vergonha para o Brasil”. Em novembro, o país sediará a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Será difícil explicar aos visitantes o que o Parlamento acaba de fazer.
A proposta votada na Câmara é um Frankenstein
legislativo. O texto original, apresentado há 21 anos, buscava proteger o meio
ambiente e criar salvaguardas para a aprovação de obras de grande impacto, como
portos, rodovias e hidrelétricas.
“Nosso projeto foi desfigurado de forma
violenta e absurda por forças sombrias do Congresso”, protesta o ex-deputado
Luciano Zica, que coordenava a frente parlamentar ambientalista e foi o
primeiro signatário da proposta de 2004.
Nos últimos dias, ele precisou se explicar a
eleitores que se surpreenderam ao ver seu nome associado ao texto no site da
Câmara. “É um constrangimento enorme. O que aprovaram é uma monstruosidade. Eu
me sinto envergonhado”, desabafa.
Além de implodir as regras que protegem rios
e florestas, a Câmara ofereceu um presente a Donald Trump em sua cruzada contra
o Brasil. Ao anunciar a abertura de uma investigação comercial, o governo
americano alegou que o desmatamento daqui afetaria a competitividade dos
produtores de lá.
Hipocrisia pura, porque Trump sempre
desprezou o meio ambiente e tem sabotado todas as iniciativas para tentar frear
o aquecimento global. Mas a dobradinha de Motta com os ruralistas ainda deve
virar munição para a Casa Branca.
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