Folha de S. Paulo
No lugar de reclamar, os deputados deveriam
estar atentos à razão de a PF fazer buscas nos gabinetes
Os deputados reclamam
das operações policiais nas dependências da Câmara, quando deveriam
estar mais atentos ao que motiva a Polícia
Federal em fazer buscas e apreensões nos gabinetes dos colegas.
A razão é a existência de indícios de que ali possam ser encontradas provas importantes para investigações sobre desvio de dinheiro público por parte de quadrilhas formadas em municípios com o conluio de prefeitos, parlamentares e até braços do crime organizado.
Não é isolado o caso
de Júnior Mano (PSB-CE), suspeito de cometer ilegalidades no manejo de
emendas e do envolvimento com licitações fraudulentas. Dois deputados do PL e
um suplente são réus no Supremo Tribunal Federal, acusados de cobrar propina de
um prefeito em troca de R$ 6,6 milhões em emendas.
Outro, do União Brasil, teve de sair do
Ministério das Comunicações ao ser denunciado pela Procuradoria-Geral da
República por ilícitos em verbas enviadas a cidade do Maranhão comandada pela
irmã.
Fora isso, há dezenas de inquéritos
tramitando no STF para
apurar o mau uso de recursos do Orçamento, hoje na ordem de mais de R$ 50
bilhões.
O ministro Gilmar Mendes mandou abrir
nova investigação sobre menções ao líder do governo na Câmara, José
Guimarães (PT-CE), e ao deputado Eunício Oliveira (MDB-CE) na operação que
alcançou Júnior Mano na semana passada.
Por ora falamos de suspeitas, mas em
quantidade suficiente para ensejar do Congresso atitude menos defensiva que o
protesto direcionado às instâncias encarregadas de combater crimes.
Um Poder que se gaba de ser o mais aberto de
todos e tem entre suas prerrogativas a de fiscalizar o Executivo teria o dever
moral de aceitar também ser fiscalizado.
É a respeito disso que fala o ministro Flávio Dino em suas reiteradas e mais que justificadas cobranças acerca da transparência, da probidade e, sobretudo, da responsabilidade do Legislativo no trato da dinheirada conquistada por obra de governos incapazes de preservar sua autoridade constitucional na gestão do Orçamento.
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