O Estado de S. Paulo
Efeito virtuoso da operação contra as facções criminosas: empurrar adiante o pacote da segurança
Além de ser a maior e mais impactante operação contra o crime organizado no Brasil, a ação conjunta da Polícia Federal, de PMs estaduais, da Receita Federal e das Receitas estaduais tem um efeito colateral virtuoso: joga luzes sobre a necessidade e a urgência do pacote da Segurança Pública que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, tenta a duras penas aprovar. Um projeto imprescindível para unir forças – aliás, as forças de segurança – contra uma praga que não é apenas nacional, mas transnacional.
A espinha dorsal da proposta é óbvia, mas
mexe com ciúmes, disputas de poder, espaço e recursos: conceder deveres,
direitos e meios ao governo federal, de esquerda, direita ou centro, contra
facções criminosas que estão disseminadas por todas as regiões e Estados,
infiltradas nos Poderes e nas instituições.
Em tese, todo mundo concorda com a
atualização da Constituição e das leis para adequar a resposta do Estado a essa
nova realidade, em que facções não atuam mais em favelas do Rio, São Paulo,
Recife, Salvador... Estão por toda parte, dominando o sistema penitenciário,
recrutando mercenários, corrompendo funcionários e políticos e lavando dinheiro
à luz do dia em poderosos setores privados.
Apesar de todo mundo saber, e de a sociedade
sofrer com essa audácia sem fim, governadores de oposição preferem manter tudo
como está. Quando o caldo entorna, e entorna toda hora, voam para bater de
porta em porta e pedir socorro federal – legalmente limitado, porque Segurança
Pública é atribuição dos... Estados. Logo, é preciso modernizar as leis, não
para a União invadir a competência dos Estados, mas para todos trabalharem
juntos.
Assim, a operação de ontem, que desbaratou
quadrilhas inteiras, escancarou lucros de bilhões de reais e desembocou na
intocável Avenida Faria Lima, foi uma aula sobre o avanço incontrolável do
crime organizado para nós, os leigos, e uma lição de trabalho conjunto e
eficiência das forças responsáveis pela Segurança.
O pacote, desenhado e discutido no Ministério
da Justiça desde a gestão Flávio Dino, encontra em Lewandowski um guerreiro
incansável. Enfrentou a resistência de governadores, da Casa Civil, de setores
da mídia e, por fim, da maldita polarização imobilizante no Congresso.
Que a operação de ontem atraia bom senso e
racionalidade da República e da Federação e que o interesse público prevaleças
obre mesquinharias ideológicas, políticas e pontuais. Adendo: se há um órgão
que vem atuan doco mexcelênciaéa PF, que não deveria se apequenar em disputas
com o MP na Lei Antimáfia. A união (ou União) faz a força.
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