Folha de S. Paulo
Para prover a caixinha da campanha ao Senado,
governador quer negociar até o terreno onde fica a delegacia do Leblon
Em 2021, o ex-ministro Paulo Guedes planejou arrecadar R$ 110 bilhões com leilões de imóveis. Um feirão de oportunidades, do tipo "o gerente enlouqueceu", com 55 mil prédios, tudo realizado 100% online e com a rapidez de quem rouba. Estávamos na época – lembram-se? – de passar a boiada. Apenas no Rio cerca de 2.000 propriedades do funcionalismo federal, entre as quais o Palácio Capanema, foram liberadas para imediata alienação. O objetivo era claro: prover a caixinha da campanha à reeleição de Bolsonaro.
A ideia não foi adiante, mas a bacia das
almas pública ou a arquitetura da destruição com o objetivo de fazer dinheiro é
um caminho fácil demais para ser abandonado. Não tendo mais a Cedae, o governo
do Rio de
Janeiro anunciou o plano de vender parte de seu patrimônio. São
47 imóveis, o que poderá render R$ 1,5 bilhão e ajudar nas pretensões de Cláudio
Castro ao Senado.
A novidade da lista é o terreno da 14ª DP, no
Leblon, bairro mais valorizado da capital. Na cabeça do governador, deve fazer
todo o sentido ter menos uma delegacia na cidade onde a segurança pública
funciona às mil maravilhas. Também no Leblon, entrou na liquidação o terreno
com 35 mil metros quadrados que pertenceu ao 23º BPM e que já foi oferecido à
venda, sem sucesso, pelo ex-governador Sérgio Cabral, em 2009.
A maioria das ofertas fica no centro
histórico, área cronicamente desassistida. São imóveis com pendências na
Justiça ou invadidos. Na rua da Carioca, estão na mira de Castro os prédios do
Bar Luiz, em péssimo estado, e do Cinema Íris, mais antigo do Rio, que desde os
anos 1980 exibe filmes pornográficos.
Ao mesmo tempo avança o projeto da prefeitura
de desapropriar, na região central, imóveis vazios ou subutilizados, para que
sejam, em parceria com a iniciativa privada, reformados e negociados em leilão.
Os endereços vão da rua do Ouvidor à Lapa.
Em disputa política pela sucessão
estadual, Eduardo Paes e
Cláudio Castro não se comunicam, mas têm um discurso afinado sobre especulação
imobiliária.
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