Folha de S. Paulo
Governador paulista precisa mostrar como tem
sido, de fato, a análise da documentação dos pedidos
Sob pressão da oposição, o governador
de São Paulo, Tarcísio de
Freitas (Republicanos), deve ainda explicações sobre o escândalo de
fraudes com o ICMS paulista.
A Operação
Ícaro, deflagrada pelo Ministério
Público, choca pelos nomes envolvidos e pela movimentação de R$ 1
bilhão em propinas para auditores fiscais da Secretaria da Fazenda.
O dono de uma das maiores redes de
farmácias, Sidney Oliveira,
e o diretor estatutário da Fast Shop Mario Otávio Gomes, além de auditores
fiscais, foram presos. A operação chama a atenção por ser uma ação isolada do
Gaeco, grupo de repressão ao crime organizado, uma divisão da Promotoria
paulista, o que pode indicar que os investigadores não queriam nenhum vazamento
para dentro do governo Tarcísio.
No mínimo, houve falha e negligência do governo na supervisão e análise dos
fluxos administrativos relativos aos créditos do ICMS. A movimentação dos
empresários para receber esses créditos é conhecida. Não é prática exclusiva de
São Paulo. Fazem fila nos gabinetes e tentam, por meio de canais políticos,
acelerar a devolução.
É provável que seja mais um caso de criação de dificuldades para vender
facilidades. Há um estoque gigantesco de bilhões em créditos acumulados não
liberados pela Fazenda paulista.
O MP já apontou que a verificação dos créditos em relação aos quais o
contribuinte pretende se beneficiar é um procedimento extremamente complexo,
que, em geral, demora meses, ou mesmo anos, para ter a análise realizada.
Pode ser a ponta de um iceberg de práticas semelhantes em outros estados, de
acordo com auditores dos fiscos estaduais.
Para afastar dúvidas, Tarcísio precisa dar transparência ao processo e mostrar
como tem sido, de fato, a análise da documentação dos pedidos, se é feita sem
espaço para uma ação discricionária dos auditores e se segue ordem cronológica.
O que já se sabe é que a evolução patrimonial da mãe do auditor apontado como
principal operador do esquema saltou de R$
411 mil para R$ 2 bilhões. Imagine o prejuízo do estado com esses
valores.
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