Folha de S. Paulo
Problemas vão da taxa Selic e desaceleração
da economia a fintechs e Congresso
O Banco Central é
alvo de múltiplas frentes de pressão, que transformaram o momento atual numa
tempestade perfeita para o presidente Gabriel
Galípolo e a sua diretoria.
Numa primeira frente, a crescente
insatisfação do governo e do PT com a taxa Selic em
15% diante dos sinais de desaceleração do crescimento da economia e do risco de
um PIB menor
em 2026, ano de eleições.
Outra batalha é o envolvimento do setor financeiro com o crime organizado, em particular o PCC, via fundos de investimentos e lavadores de dinheiro sujo camuflados de fintechs.
Está muito mais claro que o crime organizado
declarou guerra com os ataques de hackers ao sistema bancário. Três desses
ataques vieram a público recentemente e foram freados, mas há tentativas
frequentes reportadas.
A reação do BC será com novas ações de aperto
regulatório nos controles e credenciamento das fintechs e também na
fiscalização. Tudo isso exigirá mais dinheiro no orçamento, que o BC não tem.
O anúncio das medidas, previsto para breve,
certamente vai desagradar empresários e políticos envolvidos diretamente ou
indiretamente com o crime organizado e aumentar a pressão no BC.
A ligação de fintechs com o PCC também tem
sido um prato cheio para os bancos pressionarem a instituição a dar uma volta
atrás na agenda de maior competição e inovação, implementada nos últimos anos.
Há um processo em curso de colocar todas as fintechs no mesmo balaio e
desqualificá-las —com o apoio, inclusive, de alguns integrantes do próprio
governo Lula.
Os críticos esquecem que foi essa agenda que
permitiu a inclusão bancária de milhões de brasileiros de baixa renda, maior
concorrência —e, também, de certa forma, o estrondoso sucesso do Pix no Brasil.
De todas as frentes de pressão, a mais
perigosa é a ofensiva do centrão para aprovar projeto que
dá ao Congresso Nacional o poder de demitir diretores e o presidente do Banco
Central. Além de botar a faca no pescoço da diretoria do BC, tem
cheiro de pura chantagem às vésperas da decisão da compra do Master pelo BRB.
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