O Globo
Ao bajular pastor bolsonarista, prefeito do
Rio volta a rasgar figurino da última campanha
Eduardo Paes não disfarça mais. Está contando
os dias para abandonar a prefeitura e se candidatar outra vez ao governo do
Rio. O futuro ex-prefeito já garantiu o apoio de Lula e do PT. Agora tenta
avançar no campo bolsonarista.
No domingo, Paes foi a um culto na igreja de Silas Malafaia. Subiu ao púlpito e engrenou uma louvação ao pastor. “O Silas Malafaia me ama, gente. Ele ama todo mundo, mas me ama especialmente”, gracejou, depois de se gabar dos “20 anos de amizade” com o anfitrião.
À vontade, o prefeito contou que recebe
“broncas” de Malafaia e fez piada com seu “jeito fofo, doce e carinhoso”. Em
seguida, defendeu e jurou lealdade ao pastor de palanque. “Independentemente de
orientação política, quero dizer aqui: nós estamos do seu lado. Mexeu com Silas
Malafaia, mexeu comigo. Viva a vida de Silas Malafaia, esse grande pastor”,
exaltou.
Há menos de um mês, Malafaia foi alvo de
operação da Polícia Federal. Teve que entregar o celular e o passaporte. O
pastor é investigado por coação ao Supremo Tribunal Federal. Em conluio com a
família Bolsonaro, tem incitado ódio e espalhado desinformação contra ministros
da Corte.
No 7 de Setembro, Malafaia voltou a se
esgoelar em comício a favor do capitão. Chamou Alexandre de Moraes de “ditador
da toga”, comparou a PF à polícia nazista e classificou o julgamento dos chefes
do golpe como “circo” e “teatro”. Depois vociferou contra a imprensa, atacou a
“esquerda vagabunda” e pediu palmas para o governador Tarcísio de Freitas, que
retribuiu com tapinhas em seu ombro.
Candidato a governar um estado com 32% de
evangélicos, Paes tem aberto os cofres públicos para cativar chefes de igrejas.
Só neste ano, deu R$ 1,9 milhão à Marcha Para Jesus e iniciou a construção de
um parque temático bíblico na Zona Oeste, a pretexto de estimular o turismo
religioso.
O prefeito nunca se notabilizou pela
coerência na política. Já passou por oito partidos, celebrou e renegou os
padrinhos Cesar Maia e Sérgio Cabral, chamou Lula de “chefe da quadrilha” e
virou lulista desde criancinha. Na última campanha, vendeu-se como líder de uma
“frente ampla” e jurou que cumpriria o mandato até o fim. Ao bajular o pastor
oficial do bolsonarismo, escreve mais um capítulo dessa trajetória.
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