Por Pedro Augusto Figueiredo, Daniel Weterman e Pepita Ortega / O Estado de S. Paulo
Junto com outros políticos, governador de São
Paulo diz que não aceitará que um ditador “paute o que devemos fazer”, em
referência ao ministro do STF Alexandre de Moraes
Manifestantes ocuparam parte da Avenida Paulista, em São Paulo, para defenderem, mais uma vez o projeto de anistia que poderá beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros envolvidos na trama golpista. Políticos que participaram do ato, na tarde deste domingo, 7, atacaram o ministro do STF Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e cobraram que o projeto de perdão seja votado imediatamente pelo Congresso Nacional.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu a aprovação de uma anistia “ampla e irrestrita” e pediu para que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos) paute o projeto.
Tarcísio afirmou ainda que não irá aceitar a “ditadura de um poder sobre o outro” e que “um ditador paute o que devemos fazer”, em uma crítica ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes. “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes”, acrescentou o chefe do Executivo Paulista.
“Se a gente está aqui hoje defendendo uma
anistia, é porque a gente sabe que esse processo está maculado”, disse o
governador, que se envolveu diretamente nas articulações para a aprovação da
medida que poderá, caso aprovada, beneficiar Bolsonaro, que está inelegível e
em prisão domiciliar, por determinação do ministro Moraes.
A ex-primeira-dama Michelle
Bolsonaro (PL) está na Paulista e ainda fará um discurso.
Durante o ato, o presidente do PL, Valdemar
Costa Neto, afirmou que “não temos plano B, nosso plano é Bolsonaro
candidato a presidente, e como ele não está aqui hoje, eu trouxe ele aqui no
meu coração”, afirmou carregando um boneco inflável do ex-presidente.
No último mês, Valdemar havia dito que caso o
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), concorresse à
Presidência no próximo ano, ele deveria se filiar ao PL.
Durante a fala no evento deste domingo, o
líder da sigla voltou a questionar os processos contra Bolsonaro e classificou
os ataques golpistas do 8 de janeiro como uma “baderna generalizada” e afirmou
ser a favor de punir aqueles que quebraram as sedes dos três Poderes.
Valdemar ainda disse que a oposição formou
maioria para aprovar o projeto de anistia na Câmara. Ele afirmou que o PL tem o
apoio do PP, União Brasil e PSD.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), que também integra a bancada evangélica, chamou Alexandre de Moraes de “ditador” e criticou a busca e apreensão realizada pela Polícia Federal contra Malafaia. “É inadmissível Alexandre de Moraes pedir os cadernos de pregação do pastor Silas Malafaia e mandar busca e apreensão do seu celular”, afirmou.
A manifestação começou às 15h. Ao
longo da avenida é possível ver faixas pedindo que o presidente da Câmara dos
Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), coloque o projeto de anistia em
votação e que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), dê andamento
ao processo de impeachment do ministro do STF Alexandre de
Moraes.
Os manifestantes também estenderam uma bandeira
dos Estados Unidos em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). O
governo de Donald Trump impôs
tarifas às exportações brasileiras e sancionou ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF) na tentativa de interferir no julgamento do ex-presidente.
O Partido Novo levou à Paulista um boneco
inflável com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com roupa de presidiário e,
ao lado, um baton e um ovo inflável onde está escrito de vermelho a frase
“Perdeu, mané”.
Trata-se de uma alusão a Moraes, chamado de
cabeça de ovo pelos bolsonaristas, e uma crítica à condenação da
cabeleireira Débora dos Santos, que utilizou um batom para pichar a mesma frase
na estátua “A Justiça” no 8 de Janeiro de 2023. Ela foi condenada a 14 anos de
prisão.
Com o lema “Reaja Brasil: o medo acabou”, o
ato deste domingo, 7, na Avenida Paulista ocorre em meio ao julgamento de
Bolsonaro e dos demais réus do núcleo crucial por tentativa de golpe. A
previsão é que o STF encerre
a análise do caso na sexta-feira, 12.
Pela segunda vez consecutiva, Bolsonaro
não está presente pois cumpre prisão domiciliar após ter desrespeitado
medidas cautelares determinadas pelo STF.
A pauta principal da manifestação é a
aprovação da anistia ao ex-presidente, aos réus na ação do golpe e aos
condenados pelo 8 de Janeiro.
O governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas (Republicanos-SP), fez um gesto
ao bolsonarismo e assumiu o protagonismo das articulações em Brasília para
fazer a proposta avançar.
Diferentemente do último ato no início de
agosto, quando faltou
para realizar um procedimento médico, Tarcísio tem presença
confirmada neste domingo. Ele será a principal liderança política no palanque
ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL).
Também estarão presentes os governadores de
Minas Gerais, Romeu Zema (Novo),
e de Santa Catarina, Jorginho
Mello (PL), que não estavam presentes no ato anterior.
Estratégia bolsonarista
Bolsonaristas realizaram atos
descentralizados em várias capitais brasileiras pela manhã deste domingo, para
concentrar esforços e energia à tarde em São Paulo.
Em Brasília, políticos e outras lideranças
bolsonaristas atacaram o presidente Lula e o ministro Alexandre de
Moraes. Durante o ato na
capital federal, defenderam anistia total aos condenados pelos atos
golpistas de 8 de janeiro de 2023.
O ato bolsonarista em Copacabana, no Rio, começou às 11 horas. Alguns apoiadores do ex-presidente carregavam faixas com críticas contra o STF e o presidente Lula: “Fim da ditadura do STF”; “Senadores omissos, + moral e - moraes”; “anistia já”; “fora Moraes”; e “fora Lula”. Aliados de Bolsonaro carregaram, em meio a bandeiras do Brasil, bandeiras dos Estados Unidos. O ato foi encerrado por volta das 13h.
Durante discurso na orla carioca, o senador
Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se dirigiu diretamente aos presidentes da Câmara e do
Senado e afirmou que “não existe meia anistia” e que a oposição “não vai
admitir” uma anistia que não atenda o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Anistia não é sobre pessoas, é sobre fatos.
Não dá para anistiar a Débora do Batom sem anistiar Bolsonaro”, afirmou,
durante o ato em Copacabana.
A deputada federal Chris Tonietto (PL-RJ)
reproduziu durante o ato no Rio um áudio atribuído à ex-primeira-dama Michelle
Bolsonaro, em que ela classificou o julgamento do ex-presidente como uma
“grande peça teatral, com enredo de perseguição e ilegalidades”.
Parlamentares do PL participaram das mobilizações em seus redutos eleitorais e são esperados na Paulista na tarde deste domingo. Entre eles estão nomes como dos deputados federais Gustavo Gayer (PL-GO), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). O senador Rogério Marinho (PL-RN) também confirmou presença em São Paulo.
Os deputados federais paulistas Paulo Bilynskyj (PL-SP) e o pastor Marco Feliciano (PL-SP), assim como outras lideranças locais, como o prefeito e o vice-prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Coronel Mello Araújo (PL), e os vereadores Adrilles Jorge (União Brasil) e Zoe Martínez (PL), subirão no trio elétrico. Também é esperada a presença do ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten.
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