Valor Econômico
Presidente deu sinais de que vai adiar a nomeação do novo ministro do STF para meados de novembro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu
sinais de que vai adiar a nomeação do novo ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF) para meados de novembro, depois da abertura oficial da Conferência
Mundial do Clima das Nações Unidas (COP30) em Belém, no dia 10 de novembro.
Se não mudar de ideia, Lula passará os próximos 10 dias longe de Brasília, deixando pelo caminho um rastro de problemas, como a crise de segurança pública, intensificada pela oposição, e a pressão de aliados pela indicação do sucessor de Luís Roberto Barroso no STF.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre
(União-AP), insiste na escolha do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga
na Suprema Corte. Nesse contexto, o anúncio da instalação da comissão parlamentar
de inquérito (CPI) do Crime Organizado foi um aceno de Alcolumbre para a
oposição, até para arejar a sua imagem de “governista”. Porém, foi
interpretado, ao mesmo tempo, como um gesto de insatisfação pelo Palácio do
Planalto, que terá de administrar uma segunda CPI, em paralelo à investigação
sobre as fraudes do INSS, que continua indigesta para o governo.
Lula deve embarcar neste sábado (1) para
Belém, para vistoriar a reforma do Aeroporto Internacional, e comparecer ao
show do Coldplay no “Global Citizen Festival”, que busca alertar para a
preservação da Amazônia e as mudanças climáticas. É esperada a presença de Lula
até pela relação construída com o vocalista da banda, Chris Martin, que é
ativista ambiental. Lula e Martin encontraram-se duas vezes em 2023: em março,
no Rio de Janeiro, quando ganhou um violão do artista, e em junho, em Paris.
Nos dias 6 e 7, o presidente participa da
cúpula dos chefes de Estado, sendo que no dia 5, há a previsão de reuniões
bilaterais. As outras agendas estão em aberto, até o dia 10, quando ocorre a
abertura oficial da COP30, que segue até o dia 21.
Até a noite de quinta-feira (30), Lula não
havia chamado Rodrigo Pacheco para conversar sobre o futuro político do aliado.
O senador do PSD ainda é o favorito do presidente para concorrer ao governo de
Minas Gerais, e lhe garantir um palanque robusto na campanha, no Estado que abriga
o segundo maior colégio eleitoral.
O presidente mantém a convicção de nomear o
ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, para o STF. Mas não
o fará antes de se reunir com Pacheco, em deferência ao aliado, e porque a
conjuntura continua adversa no Senado. A preço de hoje, o nome de Messias seria
rejeitado pelos senadores, que querem um dos seus no STF.
De acordo com um aliado de Pacheco, há dois
motivos para a rejeição a Messias. Em primeiro lugar, senadores e deputados não
escondem a irritação com decisões do ministro Flávio Dino, do STF, impondo
exigências cada vez mais rigorosas para a execução das emendas parlamentares.
Assim, acham que se Lula deu preferência, nas duas indicações anteriores -
Flávio Dino e Cristiano Zanin - a nomes de sua máxima confiança, chegou a vez
de exigirem um nome da “máxima confiança” do Senado para representá-los na
peleja judicial sobre as emendas.
Os senadores também estariam refratários a
chancelar o nome de um “ex-assessor de gabinete” em vez de um de seus pares,
que foi duas vezes presidente do Senado, no caso de Pacheco. Antes de se tornar
ministro da AGU, Messias foi assessor especial do gabinete do senador Jaques
Wagner, como coordenador jurídico.
Em outra frente, Pacheco já manifestou receio
à aventura eleitoral, num cenário de hegemonia da direita no Estado. O lance
mais recente foi a filiação do vice-governador de Minas Mateus Simões ao PSD,
sigla do próprio Pacheco, em um sinal de que o senador teria de trocar de
partido para disputar o governo. Simões tem o apoio do governador Romeu Zema
(Novo), e de boa parte do centro, enquanto tenta atrair o PL de Nikolas
Ferreira.
Dessa forma, mesmo se preterir Pacheco para o
STF, Lula pode ficar sem o seu candidato em Minas. Um dos nomes do PT
ventilados como alternativa é o da prefeita de Contagem (MG), Marília Campos,
já no quarto mandato. Ela se reuniu na quarta-feira (29) com a ministra de
Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, com quem discutiu “o cenário político
em Minas”, conforme postou em seu perfil no Instagram. Outra opção seria o
ex-prefeito de BH Alexandre Kalil, recém-filiado ao PDT, mas que vem de um
histórico recente de atritos com o PT.
Diante do caos, Lula avalia se o cenário não
se desanuvia com o tempo. Os problemas ficarão pelo caminho, enquanto ele
avança rumo aos acordes de Chris Martin e aos holofotes da COP30 - que também
tem seu rastro de transtornos.
“Fake news” sobre Drex
Seria bom a equipe do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom),
Sidônio Palmeira, despertar para os primeiros sinais de uma “fake news” que, se
não for contida, pode alçar o voo da falsa taxação do Pix, que no fim de 2024,
derrubou a popularidade de Lula.
O Drex, moeda digital em gestação pelo Banco
Central (BC), entrou na terceira fase de testes e está mexendo com o imaginário
popular nas redes e aplicativos de conversas. Começou a circular a boca
pequena, principalmente, na baixa renda, que a nova moeda irá embutir impostos,
que serão repassados pelos lojistas aos consumidores. Outro boato é que o Drex
causará o fim do Pix. Não há data para o lançamento, mas especula-se que seja
em 2026.

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