Folha de S. Paulo
Promessas vãs e ataques ao Congresso não são
a maneira mais ética de Lula buscar a reeleição
Se o norte do governo é a eleição, a oposição
também tem o direito de se guiar pela mesma bússola
A campanha da
reeleição do presidente Luiz Inácio da Silva (PT) já tem dois
novos pilares de sustentação para se somarem à defesa da soberania nacional, à
luta de pobres contra ricos, à entrega de benefícios à classe média e a uma
série de medidas na área da segurança pública.
São eles a batalha contra um Congresso inimigo do povo e propostas de forte apelo popular, mas com baixíssima chance de sucesso a ser alcançada ainda neste mandato: tarifa zero no transporte público para todo o país e redução da jornada de trabalho semanal. Lula se escora em práticas deletérias do próprio Parlamento, joga com uma realidade parcial, mas nem por isso irreal. Agora mesmo cultiva mais um antagonismo ao insistir numa nova versão de aumento de tributos para fechar as contas.
da isenção do
Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 praticamente
concretizada. Ganha com isso credibilidade e, se o transporte grátis e o
aumento de folgas semanais para trabalhadores formais não acontecerem, culpa do
Congresso.
Visto assim do alto de um palanque, o
panorama parece risonho e a estratégia bem estruturada para fazer frente à ala
adversária, ora completamente desorganizada. Pode muito bem servir para ganhar
mais um mandato de presidente.
e do ponto de vista da ética, dos valores
reais e muitas vezes defendidos no discurso? Valerá à pena desqualificar o
Poder Legislativo que a população elegeu, será socialmente educativo reprovar o
exercício da oposição? Logo o PT, que se fez assim?
Lula retalia o Parlamento por inconformismo
de não ter sido ajudado pela maioria a cumprir as metas fiscais e arrumar uns
bilhões para gastar daqui até a eleição. Se o governante não tem desprendimento
institucional e ferramentas políticas suficientes para lidar com o problema, a
vingança não é método que esteja à altura da função.
Afinal, se o norte do governo é eleitoral, a
oposição também tem todo o direito de usar a mesma bússola.
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