O Estado de S. Paulo
Jair Bolsonaro está inelegível. Eduardo estará. Sobrou Flávio, que, tudo o mais constante, concorreria à reeleição (tranquila) ao Senado – de repente o nome da vez a testar o mercado eleitoral da direita para 2026. O novo nome do bolsonarismo puro-sangue, admitido-avalizado pelo bolsonarismo eduardista, considerada a reivindicação de hereditariedade com a qual a família se projeta-proclama.
O nome ora possível do “bolsonarismo com Bolsonaro” para presidente, reação à jogada corrente-influente por uma chapa “bolsonarista sem (um) Bolsonaro”.
Reação que explicita um pressuposto – para
quem ainda tivesse dúvida: o bolsonarismo raiz, que se expressa na dissidência
eduardista, não aceitará uma candidatura presidencial que não seja encabeçada
por um Bolsonaro, Tarcísio de Freitas encarnando a “direita permitida”, a de
Ciro Nogueira, aquela desejada pelo Supremo.
Escreveu Paulo Figueiredo no X: “Flávio ou
Eduardo, pouco importa. O que importa, para começar, é uma candidatura que
realmente represente o nosso movimento e não algo escolhido pelo centrão e o
STF fazendo Jair Bolsonaro de refém”.
Outro pressuposto. O nome de Flávio não seria
especulado sem a chancela de Jair. Flávio não é Eduardo. Só age depois de
consultar o pai. Se bota o bloco na rua, o faz sob autorização, talvez mesmo
estímulo, do ex-presidente. Não será por acaso.
Estamos no pós-Bolsonaro; os governadores da
direita – o tal Consórcio da Paz – farejando a oportunidade de superar Jair com
base na pauta da segurança pública. E então Flávio – um estamos-aqui! para
lembrar os assanhados de que a empresa familiar fundada por Jair ainda não
faliu.
Um Bolsonaro, um Bolsonaro diferente,
aventado no momento em que a agenda político-eleitoral se desenvolve – em
função do 28 de outubro – com a família nem sequer como coadjuvante. Tem
método.
A bandeira do bolsonarismo puro-sangue, o
raiz, o eduardista, era a da anistia. Bandeira única, sequestradora, alienada,
despolitizadora, paralisadora, antieleitoral, que pregava uma anticandidatura,
que acusava o sistema eleitoral de ilegítimo.
Bandeira que perdeu vigor, a partir da quebra
do monopólio de acesso à Casa Branca. Bandeira queimada que tinha a cara de
Eduardo, do anticandidato Eduardo, aquele que alcançou o ponto de não retorno.
E então Flávio, o Bolsonaro – como se diz? –
que negocia, que tem trânsito, que é fluente com o chamado Centrão. Também o
Bolsonaro – dirá o maledicente – mais medroso, ou o que mais teria a perder de
súbito sem mandato.
Não importam os limites do mundo real. Importa marcar posição. Não importa ser competitivo. Importa ter-manter o controle sobre a direita.

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