A produtividade está essencialmente ligada a
três fatores: qualidade do capital humano (educação de alto nível e
qualificação profissional); poder de inovação científico-tecnológico; e,
infraestrutura (economias externas com efeitos multiplicadores sobre a geração
de renda e a competitividade da economia).
Teríamos algum traço genético que nos impede de alçar voos maiores na corrida pela inovação e ganhos relevantes de produtividade? Claro que não. Vejamos, através de 3 exemplos concretos, como o brasileiro sabe fazer.
Na década de 1940, o Marechal-do-Ar Casemiro
Montenegro Filho sonhou a criação de um centro de pesquisas aeronáuticas. Resultou
no nascimento do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), em São José dos
Campos (SP). Daí ramificaram o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)
e o DCTA (Departamento de Ciência e Tecnológica Aeroespacial). Na década de
1960, construímos o avião Bandeirantes e em 1969 nasceu a EMBRAER, que ao lado
da Boeing e da Airbus, é uma das três maiores produtoras de aviões do mundo. Como
conhecimento abre fronteiras, tivemos, entre outros frutos desse arranjo
vitorioso, a urna eletrônica, o primeiro motor a álcool do mundo e tecnologia
de telecomunicações de ponta.
Na década de 1970, o Brasil tinha o desafio
da veloz urbanização impondo eficiência na produção de alimentos para a
população. Em 1972, fundou-se a EMBRAPA. Protagonistas como o ministro Alysson
Paolinelli e o presidente da empresa, Eliseu Alves, patrocinaram a formação em
larga escala de pesquisadores no exterior, fortaleceram centros de ensino e
pesquisa voltados para o agro, como a ESALQ e as Universidades Federais de
Viçosa e Lavras e desencadearam o desafiador Projeto de Ocupação do Cerrado.
Resultado, o agronegócio brasileiro dá show de produtividade, há anos ancora o
PIB brasileiro e alavanca a nossa balança comercial.
Murillo de Albuquerque Regina era um
pesquisador da Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais)
concluindo seu pós-doutorado em vitivinicultura na França. Numa aula de
climatologia, o professor descreveu o terroir ideal para a produção de bons vinhos.
Murillo, filho de Varginha, no centro da região cafeicultora do sul de Minas, pensou:
“temos isso tudo, só há um problema: chove muito no verão, época da colheita
tradicional da uva”. Tecnologia é feita para resolver problemas. Murillo
pesquisou pioneiramente como alterar o ciclo da videira. Plantou as primeiras
mudas em Três Corações (2001) e introduziu em escala mundial uma inovação, o
vinho de colheita de inverno. Não só inovou como empreendeu, fundando a
Vinícola Estrada Real. Hoje excelentes vinhos são produzidos em Minas (Maria
Maria Bárbara Eliodora, Casa Geraldo, Stella Valentino etc.), São Paulo
(Guaspari, Davo) e Distrito Federal (Vinícola Brasília).
O brasileiro é mundialmente conhecido por sua criatividade e capacidade de inovação. Na arte, no futebol e em tantos outros campos. O desafio da inovação depende só de um empurrãozinho a partir de arranjos institucionais e padrões de financiamento adequados e eficazes.

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