O Estado de S. Paulo
Derrite veio para relatar o PL Antifacções ou
enfraquecer Lula e fortalecer a oposição?
O que o discurso da soberania fez, a operação contra traficantes no Rio desfez e o presidente Lula enfrenta duas rebordosas que se retroalimentam: sua recuperação de popularidade estancou e sua vantagem despencou num eventual segundo turno com pelo menos seis adversários, inclusive o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que sai propositalmente dos holofotes.
Esse é o sumo da nova pesquisa Quaest, derrubando a previsão de que Lula atingiria a esta altura aprovação maior que a desaprovação e já estaria em condições até de sonhar com vitória em primeiro turno. Nada disso. As curvas de popularidade não se inverteram, não há vitória possível na primeira rodada com tantos candidatos e até o segundo turno ficou bem mais apertado.
Quem puxa a pauta nacional puxa as tendências
para 2026. Quando assumiu o discurso dos pobres contra os ricos e engatou com o
da soberania, Lula saiu do nevoeiro e viu luz no fim do túnel. Mas, quando
Cláudio Castro jogou suas polícias contra o tráfico e as comunidades e produziu
121 corpos no Rio, o foco foi para a segurança. O eleitor só fala nisso.
A diferença entre as bandeiras de Lula e seus
opositores é que pobres versus ricos e soberania são abstratas, enquanto a
violência é concreta, faz parte do dia a dia, todo mundo já sofreu com ela ou
conhece alguém que foi roubado, assaltado, sequestrado, estuprado ou... morto.
Sim, segurança tem a ver com vida e morte e quem acena com “vida de trabalhador
e morte de bandido” é a direita.
As rebordosas de Lula não ficam só nas
pesquisas e envolvem a prisão do ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto,
do atual governo, e investigações sobre negócios escusos na área de educação
que chegam à ex-mulher de um enteado de Lula, Marcos Cláudio, e ao sócio de um
filho, Fábio Luiz, o Lulinha. Corrupção é álcool na fogueira para a oposição.
Para piorar, a ONU enviou carta ao governo
brasileiro contra falta de segurança e infraestrutura na COP-30, invasões de
manifestantes, calor infernal, instalações precárias e até falta de água. Como
tudo cai no Planalto e na conta do presidente, é um vexame para Lula.
O foco agora está nos problemas e nas
negociações da COP e nas discussões de Brasil e EUA sobre tarifas, que ganhou
impulso ontem, no encontro de Mauro Vieira e Marco Rubio, mas, principalmente,
na violência. O exemplo mais gritante da perda de força de Lula é a
impressionante escolha de Guilherme Derrite, secretário da Segurança de
Tarcísio e maior contraponto da esquerda no tema, para relatar o projeto
Antifacções. Para relatar ou derrubar?

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