Folha de S. Paulo
Há consenso no governo de que o Brasil terá
de ceder e reduzir a tarifa do combustível
Impasse é político também porque o agro
pressiona líderes do Congresso
Já há consenso no governo Lula para
reduzir a taxa extra cobrada sobre o etanol norte-americano
em troca de avanços nas negociações em relação ao tarifaço de 50% aplicado
por Donald Trump a
produtos brasileiros.
Integrantes do governo já comentam nos bastidores sobre a possibilidade de zerar a tarifa do etanol. Nos últimos dias, passou também a ser discutida a oportunidade de um anúncio da medida antes mesmo da primeira reunião de negociação do tarifaço, em Washington, com o vice Geraldo Alckmin e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).A reunião pode acontecer na semana que vem ou na próxima.
A discussão sobre o etanol agora é quanto e
quando. A tarifa brasileira de 18% sobre o etanol americano está entre as
principais reclamações dos EUA, que colocaram o tema sob investigação.
Um gesto do Brasil nessa direção pode facilitar as negociações.
A redução da tarifa de etanol é, no entanto,
bastante sensível politicamente porque coloca em polos opostos mais uma vez o
presidente e setores do agronegócio,
que majoritariamente se colocaram contra o governo Lula. Eles mobilizaram a
bancada de deputados e senadores para tirar o combustível das negociações ou
tentar, ao menos, diminuir o impacto da redução.
No caso do etanol americano, a maior
resistência vem de lideranças políticas dos estados do Nordeste, com grande
influência nas votações. O Executivo tem uma pauta de medidas econômicas
importantes para deliberar no Congresso e não pode dispensar o apoio desses
líderes.
Não faz sentido a estratégia negocial de
chegar com uma concessão antes de sentar-se à mesa. Um erro. A não ser que faça
sentido num plano maior do Palácio do Planalto. Tudo pode acabar em moeda de
troca.
Agora que a negociação com Trump destravou no
plano político, o presidente Lula quer discutir de forma isolada os diferentes
assuntos relacionados às tarifas.
O Brasil quer a diminuição nas taxas sobre
café e carnes brasileiros. Tudo indica que Lula que já fez a sua escolha.

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