sábado, 15 de novembro de 2025

Planalto aplaude queda da inflação e Haddad critica Galípolo, por Adriana Fernandes

Folha de S. Paulo

Ministro da Secom, o marqueteiro Sidônio Palmeira tem batido bumbo para os resultados de outubro

Haddad hoje é um ministro carente de elogios e afagos

Com o ano eleitoral se aproximando, o Palácio do Planalto começou a exaltar a queda da inflação —um ativo importante na busca de votos dos eleitores na tentativa de reeleição do presidente Lula, em 2026, para o seu quarto mandato.

O marqueteiro de campanhas vitoriosas do PT e ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, já começou a explorar a queda. Ele tratou de divulgar nesta semana uma nota para alardear que a inflação registrou o menor índice para outubro em 27 anos. O IPCA fechou em 0,09%, a mais baixa variação para o mesmo mês desde 1998, quando o índice foi de 0,02%.

Auxiliares do presidente também chamam a atenção para a chance de, ao fim do terceiro mandato de Lula, a inflação acumulada no período de quatro anos ser a menor vista no país desde 1999, quando foi implementado o regime de metas.

É tudo material de campanha. A bateção de bumbo de Sidônio, no entanto, não deixa de ser contraponto à escalada das críticas do ministro Fernando Haddad (Fazenda) a Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central. Um elogia e outro bate, mas neste caso as duas coisas são indissociáveis.

Após Galípolo responder às críticas de Haddad dizendo que "todo mundo pode brigar com o BC, mas o BC que não pode brigar com os dados", o ministro respondeu com uma nova provocação em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. O petista disse que tinha em mãos dados gerados por modelos matemáticos que mostram que, se a Selic estivesse em 12%, em vez dos 15% atuais, a inflação teria subido apenas 0,2 ponto porcentual. Só não mostrou como chegou a essa conclusão e quais as hipóteses usadas nesses modelos para o tira-teima dos dados. Está devendo.

Haddad ainda deixou escapar que estava "louco" para ver o BC colocar nos seus documentos oficiais que ele tem feito um "esforço fiscal relevante". A despeito do seu desejo, a aposta é que o ano de 2026 já comece com expansão de despesas. Com a possibilidade de deixar o governo antes de abril para se candidatar às eleições, Haddad é hoje um ministro carente de elogios.

 

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