Folha de S. Paulo
Ministro da Secom, o marqueteiro Sidônio
Palmeira tem batido bumbo para os resultados de outubro
Haddad hoje é um ministro carente de elogios e afagos
Com o ano eleitoral
se aproximando, o Palácio do Planalto começou a exaltar a queda
da inflação —um
ativo importante na busca de votos dos eleitores na tentativa de reeleição do
presidente Lula,
em 2026, para o seu quarto mandato.
O marqueteiro de campanhas vitoriosas do PT e ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, já começou a explorar a queda. Ele tratou de divulgar nesta semana uma nota para alardear que a inflação registrou o menor índice para outubro em 27 anos. O IPCA fechou em 0,09%, a mais baixa variação para o mesmo mês desde 1998, quando o índice foi de 0,02%.
Auxiliares do presidente também chamam a
atenção para a chance de, ao fim do terceiro mandato de Lula, a inflação
acumulada no período de quatro anos ser a menor vista no país desde 1999,
quando foi implementado o regime de metas.
É tudo material de campanha. A bateção de bumbo
de Sidônio, no entanto, não deixa de ser contraponto à escalada das críticas do
ministro Fernando
Haddad (Fazenda) a Gabriel
Galípolo, presidente do Banco Central.
Um elogia e outro bate, mas neste caso as duas coisas são indissociáveis.
Após Galípolo responder às críticas de Haddad
dizendo que "todo
mundo pode brigar com o BC, mas o BC que não pode brigar com os dados",
o ministro respondeu com uma nova provocação em entrevista ao jornal O Estado
de S. Paulo. O petista disse que tinha em mãos dados gerados por modelos
matemáticos que mostram que, se a Selic estivesse
em 12%, em vez dos 15% atuais, a inflação teria subido apenas 0,2 ponto
porcentual. Só não mostrou como chegou a essa conclusão e quais as hipóteses
usadas nesses modelos para o tira-teima dos dados. Está devendo.
Haddad ainda deixou escapar que estava
"louco" para ver o BC colocar nos seus documentos oficiais que ele
tem feito um "esforço fiscal relevante". A despeito do seu desejo, a
aposta é que o ano de 2026 já comece com expansão de despesas. Com a possibilidade
de deixar o governo antes de abril para se candidatar às eleições, Haddad é
hoje um ministro carente de elogios.

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