Folha de S. Paulo
Lei permite troca de candidatos até em
setembro, mas calendário político é outro
Direitas nem sabem o que fazer da incerteza,
mas primeiro trimestre é decisivo
Em tese e de acordo com a lei, partidos podem
substituir seus candidatos a presidente no máximo até 20 dias antes da eleição,
que é no 4 de outubro de 2026. Na política, o calendário é outro e incerto.
Como não se sabe se Flávio
Bolsonaro é candidato-bomba ou se vai ser biribinha e
estalinho, a incerteza ficou mais extensa.
Centrão e
direitão não gostaram da candidatura, menos ainda da rasteira
(trata-se aqui de PSD, Republicanos, União Brasil e
Progressistas). Não entendem o que querem os Bolsonaro. Ainda vão começar a
discutir o que fazer até para lidar com a incerteza. Não vão se mover por
Flávio. Ao contrário.
Em teoria, é possível tirar o chifre da cabeça do jumento até setembro de 2026. Flávio poderia renunciar à candidatura, mas seria preciso que um Tarcísio de Freitas (ou um "x") estivesse candidato por outro partido. Ou que Flávio renunciasse para que Tarcísio (ou "x") passasse a ser o candidato de uma improvável coligação já montada. Parece maluquice, mas pensem no Brasil desde 2016.
Coligação: devem ser definidas entre 20 de julho
e 5 de agosto, assim como os candidatos. Sob qual
circunstância centrão e direitão viriam a se aliar aos Bolsonaro a essa altura
tardia? Flávio disparado nas pesquisas? Improvável.
Até o início de abril, chefes de governo têm
de renunciar para concorrer a outro cargo no Executivo. O governador de São Paulo poderia
se preparar tanto para a reeleição como para presidente, à maneira de Eduardo
Leite em 2022.
A questão seriam os arranjos de candidaturas,
alianças e coligações nos estados. O problema é grande em São Paulo, em que se
negociam arranjos na prefeitura e no governo do estado, o que pode resultar em
atritos no centrão-direitão.
Coligações são negociações enroladas. Já dão
problema desde agora no centrão-direitão. Em eleição majoritária muito apertada,
até podem influenciar resultados. Difícil que, em março, os partidos não tenham
definido as grandes divisões do mapa da guerra.
Então, em teoria, haveria acertos no primeiro
trimestre de 2026, no caso de planejamento político pragmático. Pesquisas serão
relevantes, mas longe de decisivas. As escolhas do eleitorado ocorrem em data
cada vez mais próxima da votação. Ainda não será possível medir o efeito das
políticas de Lula 3 ou das andanças da economia: isenção do IR, Gás
para o Povo, Pé de Meia, inflação, emprego etc.
Em caso de Flávio ser biribinha, os Bolsonaro
não têm à mão alguém tão submisso e viável quanto Tarcísio. Aliás, exceto
Tarcísio, não têm candidato que possa ganhar a eleição e ao menos prometa
anistiar o capitão do golpe.
Antes mesmo da bomba Flávio, o governador
ainda fazia cálculo de viabilidade, embora fosse dado como candidato certo pela
maioria do centrão e do direitão. Tanto que não havia articulação política para
lançar Ratinho Jr (PSD),
governador do Paraná no segundo mandato. Para piorar, centrão e direitão mais
ao norte do país não têm lá simpatia por Ratinho.
Talvez nem com notícia desastrosa, um novo
podre certeiro, Tarcísio, vassalo bolsonarista, vá se lançar contra Flávio. A
viabilidade do governador, de resto, é teórica: não apanhou em público, vão
ressurgir os registros em que aparece batendo palma para golpista e para o
massacre bolsonarista da Covid-19, entre outros horrores das trevas de
2019-2022. Centrão e
direitão têm três candidaturas e nenhuma. Até o Carnaval, vão
tentar tirar a fantasia de Flávio.
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