Folha de S. Paulo
O ano legislativo se encerra sem que
deputados e senadores respondam à demanda popular por segurança
Tudo indica que 2026 será um ano perdido com
promessas de palanque e embates improdutivos no Congresso
Foi-se mais um ano legislativo sem que
o Congresso conseguisse produzir resposta consistente à
aflição do público subtraído no seu sagrado direito de ir e vir em razoável
segurança.
Isso ocorre num momento periclitante para o Judiciário, o agente detentor da punição de ilícitos, posto na berlinda por uma série de incorreções cometidas em suas variadas instâncias.
Juiz pego em furto no supermercado, desembargador preso sob acusação de conluio com
parlamentares em prol de facção criminosa, suspeições sobre magistrados
incursos em atos de compadrio e ausência de decoro, recusa de ministros do
Supremo Tribunal Federal à criação de um código de ética, são apenas alguns dos
desvios. A eles, acrescentem-se os inaceitáveis privilégios funcionais.
O Executivo tampouco encerra 2025 em melhor
situação. E aqui incluem-se Presidência
da República e governos dos estados. Além de não se entenderem
sobre a adoção de políticas de combate à criminalidade, deram-se ao desfrute de
propagandear providências inúteis.
No rol das superficialidades executivas se
inscrevem o escritório emergencial comandado pelo Ministério da Justiça e o consórcio da paz criado por governadores de direita,
ambas as iniciativas anunciadas no calor da operação letal nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, há dois
meses. Renderam manchetes, mas não produziram um alfinete.
Será com essa emergência parada no ar que o
poder público entrará no ano eleitoral. E nele permanecerá no modo impasse.
Vale, mais uma vez, repetir o motivo: com a bandeira da segurança pública em
disputa por direita e esquerda, não há possibilidade de avanço na construção
das necessárias convergências.
Neste aspecto, o mais provável é que 2026
seja um ano perdido com promessas de palanque e embates improdutivos em torno
do projeto antifacção e a emenda que propõe a unificação de ações no combate à
criminalidade. Enquanto isso, o crime seguirá sua trajetória crescente, unido e
organizado.

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