Por Sofia Aguiar / Valor Econômico
Entre elas, o fim da escala 6x1, a segurança
pública e o combate à violência contra a mulher
Em seu tradicional pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão no Natal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva citou realizações de seu governo e antecipou algumas bandeiras que serão utilizadas na campanha à reeleição de 2026. Entre elas, aparecem o fim da escala 6x1, a segurança pública e o combate à violência contra a mulher. Entre os ativos de 2025, mencionou o enfrentamento ao crime organizado, no qual “nenhum dinheiro ou influência” vai impedir a Polícia Federal “de ir adiante”, e as negociações que amenizaram o tarifaço aplicado pelos Estados Unidos contra o Brasil.
“Nós sabemos que o crime e a violência são
dois grandes desafios do nosso país. Neste ano, a Polícia Federal comandou a maior
operação já feita contra o crime organizado”, disse o presidente nesta
quarta-feira (24), na véspera de Natal, em referência à Operação Carbono
Oculto, que investiga o suposto uso de postos de combustíveis para lavar
dinheiro da organização criminosa Primeiro Comando Vermelho (PCC). “O combate às facções criminosas chegou pela primeira vez ao
andar de cima, e nenhum dinheiro ou influência vai impedir a Polícia Federal de
ir adiante.”
Nos bastidores, um dos objetivos do governo é
demonstrar que o Executivo tem investido na luta contra o chamado “sistema”,
bandeira recentemente dominada pela direita e que o Planalto quer neutralizar.
Em paralelo, a declaração acontece em meio a notícias de que seu filho Fábio
Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, teria sido citado nas investigações
envolvendo as fraudes nos descontos associativos do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS).
O pronunciamento de Natal desta noite teve
duração de cerca de 6 minutos e 40 segundos. Na fala, o presidente disse que,
em 2025, “todos que torceram ou jogaram” contra o Brasil acabaram perdendo.
Neste ano, segundo ele, “o povo brasileiro sai como o grande vencedor”, em uma
alusão aos esforços de filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para
convencer o governo de Donald Trump a impor sanções contra o Brasil a fim de
exercer pressão sobre o julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal
Federal (STF) e fazer avançar no Congresso uma anistia aos envolvidos nos
ataques do 8 de janeiro de 2023.
Enaltecendo as conquistas do governo, Lula
aproveitou para usar o tarifaço anunciado pelos Estados Unidos contra produtos
brasileiros para promover sua gestão à frente do Executivo. Segundo ele, a
taxação foi um “desafio inédito”, mas o Brasil mostrou que “somos do diálogo,
da fraternidade e não fugimos da luta”.
“Apostamos na diplomacia, protegemos nossas
empresas, evitamos demissões. Negociamos o fim do tarifaço, e ultrapassamos,
agora em dezembro, a marca de 500 novos mercados abertos aos nossos produtos”,
alegou. Em sua avaliação, a soberania e a democracia saíram “vencedoras”.
Lula citou feitos do governo até o momento,
tais como a saída do Brasil do Mapa da Fome, a aprovação do projeto que amplia
a isenção do Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil e a retomada de
programas sociais, como o Bolsa Família. Também listou iniciativas para
assegurar o acesso gratuito para as famílias pobres à energia elétrica e ao gás
de cozinha, assim como o avanço de obras de infraestrutura.
Lula também citou alguns indicadores
econômicos, como a redução do desemprego, a desaceleração da inflação e o
aumento da renda média da população.
De olho em 2026, o petista
falou sobre o comprometimento da gestão federal com o fim da escala 6x1, em que se trabalha
por seis dias na semana e folga em um.
Economistas e empresários têm alertado que a
iniciativa pode gerar danos à produtividade e à atividade econômica,
acrescentando que o impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB) seria ainda
mais grave no caso do cenário em que custos mais altos levem empresas a fechar
vagas. Esta, no entanto, deve ser uma das principais bandeiras a serem
utilizadas pelo governo na campanha eleitoral do ano que vem.
De acordo com Lula, a pauta é uma forma de a
gestão seguir “combatendo privilégios de poucos para garantir direitos de
muitos”. “Não é justo que uma pessoa seja obrigada a trabalhar duro durante
seis dias. E que tenha apenas um dia para descansar o corpo e a cabeça, passear
com a família, cuidar da casa, se divertir e acompanhar de perto o crescimento
dos filhos”, comentou. “O fim da escala 6x1, sem redução de salário, é uma
demanda do povo que cabe a nós, representantes do povo, escutar e transformar
em realidade”, complementou.
Ainda, outro mote de campanha deverá ser o combate à violência contra a mulher. Lula, então, prometeu liderar um grande esforço nacional envolvendo ministérios, instituições e sociedade brasileira em torno da pauta. Em sua avaliação, o país não pode aceitar tal tipo de violência. “Nós que somos homens devemos fazer um compromisso de alma. Em nome de tudo que é mais sagrado, seja um aliado”, afirmou o presidente, que também fez questão de enaltecer a família -- bandeira que a extrema-direita também buscou dominar nos últimos anos. “A família é a base da nossa sociedade.”

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