Nenhum de nós é capaz, “na solidão de
indivíduo”, de se situar no mundo, vasto mundo, e nem sequer no cotidiano mais
simples. Precisamos de figuras de referência que, sem perder a serenidade,
enfrentaram com imensa dignidade os altos e baixos, os desafios e as
atribulações, as vicissitudes da condição humana. Não somos ilhas – elas que, segundo
o poeta, perdem os homens –, tecemos lentamente, e muitas vezes de modo penoso,
um acidentado mapa dentro do qual avaliamos sistematicamente o que fazemos e o
que pensamos.
Gilvan, acompanhado da inseparável Graziela,
são estrelas polares para muita gente. Aos 90 anos, ele persiste em encarnar
uma cultura política, um modo de ser na vida pública, mas também uma lição
íntima como amigo, um modo de ser como indivíduo e pessoa comum. Antes na
clandestinidade, depois na revista Presença, refúgio (não exclusivo) dos
“comunistas democráticos”, e agora no seu incrível blog, Gilvan cultiva a
política como serviço no mais nobre sentido – o de servir ao seu País e à
democracia como conceito e estilo.
E não sem a necessária dose de ironia. Por anos a fio, estivemos batendo o ponto – Gilvan, Graziela, Raimundo, Berg, Almeida e outros – em encontros quase semanais numa mesa de bar lá do Flamengo (o bairro, claro). Era como a plenária de um imaginário e bracaleônico “comitê central”, em nome do qual, neste aniversário, erguemos a taça e desejamos, de coração, “longa vida ao nosso timoneiro”!

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