quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Não dá para levar a candidatura de Flávio Bolsonaro a sério, afirma presidente do PT

Por Andrea Jubé e Sofia Aguiar / Valor Econômico

Edinho Silva afirma que filho de ex-presidente errou 'timing' e diz que o PT não vai tirar o foco do governador Tarcísio de Freitas

O presidente nacional do PT, Edinho Silva, afirmou na terça-feira (9) que a pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República não pode ser levada à sério, e ainda ironizou que o potencial adversário na sucessão presidencial errou o “timing” ao já colocá-la em negociação. Edinho afirmou que o PT não vai tirar o foco do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), elogiou o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, e disse que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) estará no papel que desejar em 2026.

“Eu tenho 40 anos de militância política e nunca vi isso na minha vida”, disse Edinho, ao comentar os recentes movimentos de Flávio. Na sexta-feira (5), o primogênito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) anunciou que obteve o apoio do pai para se lançar candidato ao Palácio do Planalto. No domingo (7), contudo, disse que tinha um preço para retirar a postulação. Depois, Flávio afirmou que sua candidatura é “irreversível”.

“Então, não dá para levar a sério”, disse Edinho. O ex-prefeito de Araraquara (SP) avalia que todos os movimentos de Flávio foram precipitados. “Eu acho que é muito cedo, porque muita coisa vai acontecer até maio do ano que vem”, observou, em relação ao momento em que as chapas serão definidas. “Por isso que a gente tem que estar mais preocupado em mostrar as entregas do governo do presidente Lula, comparar o Brasil que nós pegamos com o Brasil que nós temos hoje”, prosseguiu.

Elogios a Galípolo e Alckmin

Em outro momento, Edinho elogiou Galípolo, a despeito da cobrança de petistas, de empresários e do setor produtivo para início da redução dos juros, em meio ao recuo da inflação.

“Tenho muita confiança no Galípolo, no sentido de combate à inflação, eu acho que ele tem alcançado resultados importantes”, alegou. O presidente do PT, porém, admitiu que há opiniões divergentes no partido. “Nós temos uma posição majoritária que foi aprovada na última resolução (de 8 de dezembro) que reafirma a necessidade de nós entrarmos no ciclo de redução das taxas de juros, isso é consenso”, destacou. Como mostrou o Valor, é uma expectativa praticamente unânime do mercado de que o colegiado manterá a Selic parada em 15% nesta semana.

Na mesma entrevista, Edinho afirmou que se Alckmin quiser continuar no cargo de vice de Lula em 2026, a chapa se manterá. Antes, apresentou o vice e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como potenciais candidatos ao governo de São Paulo. “Vai depender de qual papel que ele [Alckmin] vai querer cumprir”, adiantou.

Edinho disse ainda que o PT terá candidato a governador em São Paulo. Segundo ele, isso deve ser definido em maio do ano que vem. Já de olho nos outros Estados, o dirigente reafirmou que a sigla apoiará o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), ao governo fluminense. Ele ponderou que houve algumas declarações “um pouco fora do lugar” de Paes, mas garantiu que “absolutamente nada” abalará a confiança com o prefeito.

Apesar da definição no Rio, o candidato do PT de Minas Gerais ainda está em aberto. Lula tentou emplacar o senador Rodrigo Pacheco (PSD) ao cargo, mas a crise deflagrada com a indicação do ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF), enterrou a articulação.

“Nós estamos dialogando, conversando com as lideranças de Minas para construir um uma boa tática eleitoral. E nós vamos construir um palanque forte em Minas. Eu não tenho nenhuma dúvida disso”, comentou.

Dentre os nomes cotados para o cargo, Edinho citou a prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), a prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), e o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Tadeu Martins Leite (MDB). Já para o Senado, o candidato deve ser o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, filiado ao PSD.

 

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