Em pleno fechamento do primeiro quartel do
século XXI ainda remanescem problemas crônicos como a falta de acesso aos
serviços de água e esgoto, a pobreza e a miséria, as milhões de moradias
inadequadas, os gargalos de acesso no SUS, o agravamento dos riscos ambientais,
a insegurança jurídica e a judicialização excessiva, a burocracia e o alto
Custo Brasil, as debilidades da infraestrutura, o desequilíbrio fiscal e as
altas taxas de juros, o crescimento econômico errático em modo “voo de galinha”
e “montanha russa”, a corrupção longe de ser erradicada.
Portanto, temas não faltam a serem discutidos
pelos candidatos em 2026. Dizem que a opinião pública é monotemática. Será?
Entretanto, um aspecto me incomoda mais. Um
tema onde não temos direito de errar, a guerra que não pode ser perdida: a
inacabada revolução educacional. Essa discussão parece-me negligenciada para
além dos muros do universo dos especialistas e das corporações diretamente
envolvidas. Parece que a sociedade tem uma visão complacente em relação a
nossos baixíssimos níveis de qualidade no ensino fundamental e médio e o
déficit alarmante de vagas na educação infantil – a ciência já demonstrou que a
capacidade de desenvolvimento cognitivo das crianças é definida na primeira
infância. Parece que há uma acomodação a partir da universalização do ensino
fundamental alcançada na passagem do século, afinal, mal ou bem, as crianças
estão frequentando a escola e recebendo merenda escolar, independentemente do nível
de aprendizado proporcionado.
Na última avaliação internacional da
qualidade da educação (PISA), o Brasil ficou respectivamente com os 65º., 52º.
e 62º. lugares em Matemática, Leitura e Ciências, entre os 81 países
participantes. Nosso desempenho é muito pior do que o de um país muito mais
pobre como o Vietnã, por exemplo.
Quando fui secretário estadual de saúde em
Minas Gerais (2003/2010), ao invés de puxar a sardinha para a minha lata,
afirmava, aos quatro ventos, que saúde e segurança defendem a vida, mas a única
coisa que a transforma é educação de qualidade universalizada. Tudo melhoraria.
E a cidadania seria mais densa e forte.
Estruturação de uma carreira nacional com
gestão operacional local, empoderamento dos diretores de escola como protagonistas
da coordenação da relação alunos-pais-comunidade-professores, envolvimento profundo
e radical das Universidades na qualificação do ensino fundamental e médio,
universalização do ensino infantil, revolução pedagógica com uso intensivo das
ferramentas digitais, mobilização nacional em favor da reversão do quadro, são
linhas de ação a serem discutidas.
A segurança pode até dominar o debate. Mas a guerra só será ganha quando as crianças e os jovens pobres enxergarem na educação, e não no tráfico, o caminho para a ascensão social e a melhoria de sua qualidade de vida.

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