sábado, 27 de dezembro de 2025

O que querem os Bolsonaros? Por Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Faz sentido lançar Flávio como candidato, se clã achar que a eleição já é de Lula

Se eles consideram que direita tem chance, o lógico seria buscar nome com menos rejeição

Em até quatro meses, o clã precisará definir como se posicionará para o pleito presidencial de outubro. Se os Bolsonaros acharem que a eleição já é de Lula, o mais lógico é seguirem mesmo com a candidatura de Flávio. Seria uma forma de manter em família a força eleitoral da marca Bolsonaro. Se o ex-presidente passar o bastão para Tarcísio de Freitas ou outro postulante da direita, ele abre mão da relevância política que ainda tem.

Se Flávio sair para perder em 2026, estará bem-posicionado para a eleição de 2030, especialmente se o quarto mandato do petista for mais complicado que o terceiro. E, sem reformas impopulares, o problema fiscal, que Lula vem evitando abordar seriamente, logo começará a produzir estragos mais perceptíveis.

Se, por outro lado, a família considera que a direita tem boas chances já no ano que vem, aí insistir no nome de Flávio se torna uma obstinação difícil de justificar. O sobrenome Bolsonaro meio que garante uma passagem para o segundo turno, mas se torna, pela alta rejeição, um óbice para a vitória final. Ao que tudo indica, o próximo pleito será parecido com o de 2022, com duas grandes forças de tamanho comparável se enfrentando numa disputa que acabará sendo decidida pelos eleitores independentes, que podem ir tanto para um lado como para o outro. E, aí, a chave para a vitória é ter uma rejeição consideravelmente menor do que a do incumbente.

Se o patriarca ainda alimenta a esperança de voltar à política, apostar tudo numa vitória da direita sem o filho é sua melhor chance. Vários dos postulantes já indicaram que, se chegarem ao poder o indultariam. Restariam, ainda muitos outros ses. O perdão presidencial não poderia ser considerado inconstitucional pelo STF e teria de abarcar não apenas a pena de prisão mas também sanções eleitorais, algo que não foi testado na Justiça.

Cada família infeliz é infeliz à sua maneira. Os Bolsonaros precisam decidir se perdem com Flávio ou se entregam o cacife eleitoral para alguém de fora da família.

 

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