“Dei a minha teoria o nome de teoria geral.
Com isso quero dizer que estou preocupado principalmente com o comportamento do
sistema econômico como um todo - com a renda global, com o lucro global, com o
volume global da produção, com o nível global de emprego, com o investimento
global e com a poupança global, em vez de com a renda, o lucro, o volume da
produção, o nível do emprego, o investimento e a poupança de ramos da
indústria, firmas ou indivíduos em particular. E afirmo que foram cometidos
erros importantes ao se estender para o sistema como um todo as conclusões a
que se tinha chegado de forma correta com relação a uma parte desse sistema
tomada isoladamente.
Acredito que economia em toda parte, até
recentemente, tinha sido dominada, muito mais do que compreendida, pelas
doutrinas associadas ao nome de J.B. Say. É verdade que a “lei dos
mercados” dele já foi abandonada há tempo pela maioria dos economistas,
mas eles não se livraram de seus postulados básicos, particularmente de sua
ideia errônea de que a demanda é criada pela oferta. Say estava supondo
implicitamente que o sistema econômico está sempre operando com sua capacidade
máxima, de forma que uma atividade nova apareceria sempre em substituição e não
em suplementação a alguma outra atividade. Quase toda a teoria econômica
subsequente tem defendido, no sentido de que ela tem exigido, esse mesmo
pressuposto. No entanto, uma teoria com essa base é claramente incompetente
para enfrentar os problemas do desemprego e do ciclo econômico. Talvez eu possa
exprimir melhor a meus leitores franceses o que apregoo sobre este livro
dizendo que na teoria da produção ele é uma ruptura radical com as doutrinas de
J. B. Say e que na teoria dos juros ele é um retorno às doutrinas de
Montesquieu.”
*John Maynard Keynes (1883-1946). A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, - Prefácio à Edição Francesa, p. 10-1. Nova Cultura, S. Paulo, 1985.

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