quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Fim ou troca de caciques?


Eliane Cantanhêde
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


BRASÍLIA - Novo mundo, novo Brasil. Enquanto o capitalismo se contorce com a quebradeira de bancos e a queda das Bolsas, no Brasil quem está na berlinda é o velho caciquismo político.

Na Bahia, ACM Neto é deputado federal em primeiro mandato e certamente promissor, mas ser excluído do segundo turno em Salvador foi um aviso: ele vai precisar comer muito feijão antes de assumir uma posição de liderança no Estado. O nome e a força do carlismo, sozinhos, já não dão para o gasto.

ACM, o avô, morto em 2007, era o "rei da Bahia". E não se fazem mais reis como antigamente, nem súditos. O eleitorado está mais mais disputado e diversificado, a correlação de forças é heterogênea.

No Maranhão, a família Sarney não apenas sofreu um revés como andou na contramão do que ocorreu com o PMDB no resto do país.

Sarney filiou-se ao partido para ser vice de Tancredo e foi ficando, ficando... e ficou. Agora, mais de 20 anos depois, também Roseana saiu do ex-PFL para ficar no PMDB e mais próxima de Lula.

Mas enquanto o partido é campeão em prefeituras em 14 Estados e avançou no Acre, no Amazonas, na Bahia, em Goiás, em Mato Grosso do Sul, no Pará, na Paraíba e no Rio Grande do Norte, no Maranhão ele encolheu. E encolheu bem. O reinado dos Sarney dura meio século, mas não se fazem mais reis...

Em São Paulo, Kassab é um nome diferente no cenário. No Rio, Eduardo Paes é novo em idade e em liderança, e Fernando Gabeira não é novo, mas é uma novidade. Em Belo Horizonte, você já tinha ouvido falar em Márcio Lacerda, Leonardo Quintão ou mesmo Jô Moraes, a terceira colocada?

A dúvida é se a política está se desfazendo do caciquismo ou só trocando de caciques. Olho vivo na Bahia, onde termina o reinado de ACM, mas Geddel Vieira Lima está babando pelo cetro e pela coroa. E pronto para ser disputado a peso de outro entre PT e PSDB em 2010.

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