domingo, 19 de outubro de 2008

Ondas e marolas eleitorais


Eliane Cantanhêde
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


BRASÍLIA - De Barack Obama, nos EUA, a Leonardo Quintão, em Belo Horizonte, as eleições têm mostrado a força das "ondas". Pegam o vento de jeito e vão embora.

Obama, senador negro de 47 anos e vida interessante, faz sucesso até internacionalmente e avança por Estados solidamente republicanos, como Virgínia. John McCain não atraiu um só reduto democrata. E Quintão (PMDB), que força seus erres e esses para se moldar ao máximo ao gosto mineiro, consegue desbancar Marcio Lacerda (PSB), que tem mais idade, mais experiência e sobretudo os dois padrinhos dos sonhos de qualquer candidato: o governador e o atual prefeito, muito bem avaliados.

No primeiro turno, o grande eleitor foi a reeleição. No segundo, consolidam-se candidatos "novos" que dispararam na campanha, como Gilberto Kassab (DEM), com 16 pontos à frente de Marta Suplicy (PT), apesar da confusão em São Paulo: confronto de policiais militares e civis em torno do Palácio dos Bandeirantes e o desfecho trágico do seqüestro em Santo André.

No Rio, veio a onda Eduardo Paes (PMDB), que saiu da rabeira e disparou, e depois a de Fernando Gabeira (PV), que encostou e não saiu mais. A perspectiva é de uma contagem voto a voto até o fim. Qualquer erro pode ser fatal.

Há ainda o confronto entre a força da reeleição e a "onda" da vez. Caso de Porto Alegre, onde José Fogaça (PMDB) tem o cargo e a dianteira, e Maria do Rosário (PT) disputou a condição de "onda" com a jovem Manuela Dávila. Caso também de Salvador, onde João Henrique (PMDB) segue sete pontos na frente de Walter Pinheiro (PT).

As candidaturas que viram moda atraem o indeciso, o pouco politizado, os que vão na onda. Mas ondas têm vida curta e morrem na praia. O importante é sobreviver à posse, quando o vento deixa de ser a favor e vêm os problemas. Eles não são poucos -nem na maior potência nem no "emergente" Brasil.

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