domingo, 25 de janeiro de 2009

Anhangabaú e Sé deixaram a cena política

DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Palcos das grandes manifestações de 1984 pelas Diretas, o vale do Anhangabaú e a praça da Sé, ambos no centro de São Paulo, foram pouco a pouco perdendo importância na vida política da cidade.

Na eleição para a prefeitura da capital em 2008, por exemplo, nenhum dos três principais candidatos -Gilberto Kassab (DEM), Marta Suplicy (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB)- realizou comícios nesses locais. A festa pela vitória de Kassab, no segundo turno, foi feita em frente ao Teatro Municipal.

Para o arquiteto Pablo Hereñu, autor da tese de dissertação "O Vale Como Barreira", a reforma iniciada pelo prefeito Jânio Quadros e concluída em 1991, por Luiza Erundina, afastou o povo do Anhangabaú, que, em 1984 abrigou o maior comício das Diretas, com cerca de 1 milhão de pessoas.

"O espaço físico hoje dificulta grandes aglomerações, pelo desenho dos canteiros", diz. Segundo ele, as mudanças implementadas na praça da Sé também ajudaram a tirá-la do epicentro político.

"Atualmente, a única grande manifestação política, que é a Parada Gay, acontece na Paulista, por exemplo", diz.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso relembra o comício do dia 25 de janeiro de 1984 na praça da Sé:

"O [Franco] Montoro [então governador, morto em 1999], quando queria uma coisa, ele queria muito. Então, nós resolvemos nos mobilizar e fazer o comício. Dia 25 de janeiro é também o dia da fundação da USP e eu, senador, estava com o Montoro em uma solenidade lá. Foi então que o José Gregori [ex-ministro da Justiça] telefonou para a gente da Sé dizendo: "Venham para cá porque está enchendo muito e os alto-falantes não alcançam a população". Todos ficaram amedrontados porque começou a chover gente. Foi completamente surpreendente. Daí por diante pegou fogo", diz FHC. (FM E JAB)

Nenhum comentário:

Postar um comentário