domingo, 25 de janeiro de 2009

Serra e Dilma veem no país democracia "consolidada"

DIRETAS-JÁ / 25 ANOS DEPOIS
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Tucano e petista lutaram contra a ditadura militar

Dois dos nomes sempre lembrados para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que estiveram na resistência à ditadura, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), dizem que a democracia está "consolidada".Serra chegou a ser exilado no Chile, no Uruguai e na Bolívia, e Dilma militou em movimentos da luta armada. Ambos mantêm relacionamento cordial até hoje em larga medida por conta de seus passados políticos.

Os dois apontam a necessidade de avanços nos próximos anos. "Avançamos em termos de liberdades democráticas, mas falta ainda maior amadurecimento institucional. Não vejo grandes ameaças a ela. Mas isso não significa que mantê-la não pressuponha atenção e empenho permanentes para combater os desvios na origem", diz Serra, para quem uma democracia está consolidada "quando a maioria das pessoas considera impossível pensar em outra forma de funcionamento do sistema político e social". "É o nosso caso hoje."

Ele é contra o voto obrigatório: "Sou a favor do voto facultativo, mas sei que é uma tese que dificilmente prevalecerá, encontra muita resistência".

Para Dilma, as Diretas-Já "foram uma forma de a sociedade dizer que este país é grande e plural demais para que fique sob regime de força".

Dilma afirma que, desde então, o Brasil criou uma democracia "robusta", inclusive em momentos de crise. A ministra vê a necessidade de aumentar a participação da população na política. "O governo tem buscado essa relação direta com a sociedade. Veja os encontros com grupos de negros, da sociedade civil, de gays e tantos outros."

Para Serra, que esteve nas Diretas-Já, um dos argumentos de sustentação da ditadura foi o de que o regime era a "receita" para o desenvolvimento econômico, o que também foi dito após a redemocratização.

"Mas, mesmo depois da volta da democracia, tivemos mais de dez anos de superinflação, com crescimento médio lento, até hoje. Na verdade, é um equívoco essa visão economicista do regime político."

Outro ponto destacado por Dilma é a necessidade de fortalecer os partidos. "É claro que é preciso pensar na questão das oligarquias partidárias, mas uma reforma política precisa pensar no fortalecimento dos partidos", diz ela, para quem o PT tem uma história importante nesse aspecto. (Fernando Bar Ros de Mello e José Alberto Bombig)

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