quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Garotinho perde espaço no PMDB e busca novo partido

Christiane Samarco e Alexandre Rodrigues
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Com sinal verde de Aécio, ex-governador do Rio negocia com PSDB, mas também sonda o PTB

Na tentativa de recuperar espaço político, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB) já se movimenta de olho na tendência de fortalecimento da candidatura da oposição na disputa presidencial de 2010. Em uma articulação que obteve sinal verde do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), graças à ajuda do prefeito tucano de Duque de Caxias , José Camillo Zito, Garotinho negocia para entrar no PSDB e se tornar candidato da legenda ao governo do Estado do Rio em 2010.

Não é por acaso que o ex-governador recorre ao prefeito de Caxias em busca de uma nova ponte com o PSDB. Zito é hoje um dos políticos mais influentes na Baixada Fluminense. Prefeito de Caxias pela terceira vez, o tucano venceu, em primeiro turno, o candidato do PMDB, Washington Reis, que tinha o apoio do presidente Lula e do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Um dirigente do PMDB conta que correligionários de Garotinho atuaram nos bastidores para despejar votos em Zito, ajudando a derrotar o afilhado do governador.

Garotinho também está em conversações com o PTB. Ele trabalha para construir uma alternativa partidária porque está cada dia mais espremido no PMDB, entre a força de Cabral e a nova liderança do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Embora desgastado politicamente, ainda controla um bom número de votos no interior do Rio. Sua mulher e também ex-governadora Rosinha Matheus é a nova prefeita de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense. O movimento do casal em direção aos tucanos vem de longe.

No segundo turno da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PMDB fluminense rachou: enquanto Cabral ficou com Lula, Garotinho e Rosinha apoiaram o tucano Geraldo Alckmin. O último aceno ao PSDB foi no primeiro semestre do ano passado, quando o ex-governador chegou a procurar o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), buscando nova aproximação.

“Não excluo a possibilidade de conversa com Garotinho, mas não há nada de concreto no partido em relação a isso”, afirma o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). “Não é a primeira tentativa de aproximação, mas, até hoje, nem o governador Garotinho nem ninguém dele teve entendimento conosco.”

Guerra explica que a posição do PSDB fluminense é se ajustar à aliança montada na eleição municipal em torno do candidato do PV, Fernando Gabeira, da qual também participaram o PPS e o DEM. “A decisão do partido é dar consistência à aliança que obteve quase 50% dos votos na capital”, insiste Guerra.

Como Cabral será candidato à reeleição, Garotinho procura uma legenda que lhe dê abrigo para tentar voltar ao Palácio das Laranjeiras. Mas não será fácil compor com os tucanos. Até por isso também negocia com o PTB. “Eu serei uma voz contra. Vou dar continuidade à política de alianças vitoriosa que montamos com Gabeira”, antecipa o deputado Luiz Paulo Velloso Lucas (PSDB-ES), que ajudou a coordenar a campanha do PV no Rio. O ex-prefeito Cesar Maia (DEM), que planeja disputar o governo do Rio em parceria com o PV de Gabeira e o PPS de Denise Frossard, ambos na chapa para o Senado, deve ser outra pedra no caminho de Garotinho.

Boa parte do tucanato gostaria que Cabral oferecesse seu palanque ao candidato do PSDB à sucessão de Lula. Mas o cenário de uma aliança entre o PMDB e o PT ainda é considerado o mais provável.

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