segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Desemprego atinge 31% dos lares de SP

Verena Fornetti
DEU NA FOLHA DE S. PAULO


Pesquisa Datafolha feita em 3 e 4 de fevereiro mostra que, em 31% dos domicílios paulistanos, pelo menos um trabalhador perdeu o emprego nos últimos seis meses. Em 8% dos casos, o próprio entrevistado ficou desempregado. Nas classes D e E, 40% afirmam que alguém em casa ficou sem trabalho. O total de entrevistados que disseram ter risco ou grande possibilidade de serem mandados embora é de 31%.

Demissão afeta um terço dos lares em SP

Pesquisa Datafolha revela que ao menos um trabalhador perdeu o emprego em 31% das casas nos últimos seis meses

Para 41%, desempenho do presidente Lula no combate ao desemprego é ótimo ou bom; para 22%, atuação tem sido ruim ou péssima

Em um terço dos lares da cidade de São Paulo, ao menos um trabalhador perdeu o emprego nos últimos seis meses, segundo pesquisa Datafolha realizada entre os dias 3 e 4 de fevereiro. Dos entrevistados, 8% apontam que ele próprio foi dispensado -4% tinham carteira assinada- e outros 24%, que foi alguém no domicílio.

A crise internacional também aumentou o temor de perda do emprego: 31% dos entrevistados disseram que tinham algum risco ou grande possibilidade de serem mandados embora. Em setembro de 2006, o percentual era menor, de 22%. Mas, apesar da maior insegurança, no total da amostra, 66% dos moradores da cidade dizem que não correm risco.

Para Claudio Dedecca, professor do Instituto de Economia da Unicamp, a percepção de estabilidade no emprego é mais recorrente nas classes A e B. Entre os que têm ensino superior, 4% dizem que correm grande risco de serem demitidos, dado que sobe a 9% nas respostas de quem concluiu só as séries fundamentais.

O Datafolha revela ainda que o desemprego atingiu com mais força as casas das famílias de menor renda. Dos que pertencem às classes D e E, 40% dizem que alguém no lar perdeu o trabalho há até seis meses.

O diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), Clemente Ganz Lúcio, pondera que a rotatividade no mercado brasileiro é elevada e que os dados da pesquisa não são alarmantes. Principalmente porque, para os que têm menor qualificação, a rotatividade é ainda mais comum. Mas ele destaca que os números que apontam o aumento do desemprego no país não podem ser atribuídos só à sazonalidade. "As pessoas vinham conseguindo encontrar outro trabalho. O risco é que o ritmo de geração de empregos se altere e que não encontrem mais."

O Datafolha também perguntou aos entrevistados se aceitariam reduzir o salário para garantir o emprego, proposta que embasa diversos acordos acertados no país nas últimas semanas na esteira da crise. Cerca de metade (47%) aceita a flexibilização. Entre os que têm menor renda (classes D e E), o percentual atinge 55%.

Amauri Mascaro Nascimento, professor da Faculdade de Direito da USP, argumenta que os trabalhadores que se sentem mais expostos à crise tendem a aceitar a redução de salário. "A crise não bate de frente para pessoas das classes A e B, que têm reservas nos bancos e conhecem o caminho da Justiça do Trabalho. A crise bate nos que têm como único patrimônio o salário da empresa."

No levantamento, o Datafolha questionou os paulistanos sobre os culpados pelo aumento do desemprego. Cerca de um quinto respondeu que a culpa é do governo federal ou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em seguida, os paulistanos apontaram a crise (9%) e o governo, sem especificar (7%).

Em relação à capacidade do presidente Lula de combater o desemprego, 41% disseram que o desempenho é ótimo ou bom e 22% que é ruim ou péssimo.

O Datafolha ouviu 613 pessoas com 16 anos ou mais na cidade de São Paulo. A margem de erro máxima da pesquisa é de quatro pontos percentuais.

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