sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Hora de acordar

Daniel Pereira
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE


A oposição acordou. E já não desdenha mais da pré-candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República. Tucanos e democratas deixaram de lado as piadas sobre os powerpoints usados por ela para discorrer sobre o Programa de Aceleração do Crescimento. Abandonaram a tese segundo a qual a “mãe do PAC” — por excessivamente técnica e enfadonha — não teria capacidade para disputar votos numa corrida presidencial. O anúncio de recursos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retrata essa mudança de percepção.

Com certo atraso, o PSDB descobriu que o jogo não está ganho. Que precisa impedir a ministra de correr sozinha na raia enquanto não decide quem rivalizará com ela: o governador de São Paulo, José Serra, ou o de Minas Gerais, Aécio Neves. A ordem é descer do salto alto e, enquanto os embates internos não produzem vencedores, construir um discurso a ser apresentado ao eleitorado. Líderes oposicionistas reconhecem que estão sem bandeiras novas para desfraldar em público. O próprio Aécio admitiu isso ao deixar uma reunião, na sexta-feira passada, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Beneficiado pela inércia do adversário, Lula e Dilma monopolizam o debate. Apresentam-se como comandantes da reação brasileira à crise, baseada no aumento dos investimentos públicos e da defesa do emprego. “O Estado agora é parte da solução, e não do problema como em governos anteriores, quando cortava gastos a mando do Fundo Monetário Internacional”, repete insistentemente a ministra, tentando marcar uma diferença. A retórica rendeu dividendos segundo a última pesquisa CNT/Sensus, que revelou novo recorde de aprovação popular do governo. E, junto com a desenvoltura de Dilma no encontro com prefeitos, despertou a oposição.

Resta saber se o racha no ninho tucano, parceiro notório da indecisão, permitirá uma reação.

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