sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Resposta em tom de advertência

Márcio de Morais
DEU NO ESTADO DE MINAS

Governador Aécio Neves diz que declaração de Pimentel sobre a inviabilidade de sua candidatura em 2010 foi infeliz. Segundo ele, ex-prefeito não conhece realidade do PSDB

O governador Aécio Neves (PSDB) definiu ontem a declaração do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) como “infeliz” e o advertiu sobre a necessidade de conhecer melhor o terreno em que pisa. “Eu desejo apenas que ele conheça melhor a realidade do seu próprio partido do que conhece a do PSDB, para ter sucesso na sua caminhada”, manifestou o governador, ao referir-se à análise derrotista feita por Pimentel sobre as chances de o mineiro sair candidato tucano à presidência.

Pimentel, numa entrevista dada a uma revista na semana passada, disse que Aécio já está fora do páreo, por ser o PSDB um partido de paulistas. O governador mineiro trava uma disputa interna com o colega paulista José Serra pela indicação partidária à corrida eleitoral de 2010. Já a caminhada de Pimentel, no momento, é ao lado da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), candidata e adversária dos tucanos na briga pela sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Fernando (Pimentel) é um bom companheiro, um homem público de inúmeras qualidades. Fez uma análise talvez infeliz por desconhecer a realidade interna do PSDB”, observou o governador, depois de anunciar que não faria comentários sobre as declarações de Pimentel. Segundo Aécio, o episódio não vai abalar o bom relacionamento que o aproxima do ex-prefeito – embora tenha servido para contestar a “análise infeliz” com uma outra advertência pública:

“É preciso que o governo federal tenha um pouco de cuidado na antecipação da campanha, para que não haja amanhã questionamentos em relação à utilização da máquina pública ou de instrumentos públicos numa antecipação de campanha eleitoral”, ressaltou Aécio, ao comentar o frenesi de eventos e movimentos eleitorais da ministra e do próprio presidente Lula. Para o governador, é “razoável” deixar para o final deste ano – e somente aí – a definição das candidaturas, projetos e propostas. “Não vejo a menor necessidade de antecipar esse prazo, como não acho também prudente que façamos como nas últimas eleições e deixemos para março ou abril a indicação do candidato”, avaliou.

Coube ao ministro peemedebista Hélio Costa (Comunicações), que veio a BH para o lançamento do parque de transmissão digital de uma emissora de TV, fazer o contraponto à avaliação de Pimentel. “Discordo do ex-prefeito. Ele (Aécio) pode, sim, vir a ser candidato”, contemporizou Costa, que não descarta a vitória do governador mineiro nas prévias tucanas – sempre lembradas, mas ainda sem qualquer definição ou agenda. Sobre o namoro do PMDB com Neves, Costa preferiu qualificar o nubente.

“Além de ser um noivo bonito e bem vestido, (Aécio) é um partido fortíssimo”, dimensionou o peemedebista, que mantém estratégia de aproximação da sua legenda com o governador, para o caso de ele resolver assumir a candidatura presidencial fora do ninho tucano. No entanto, Costa observou que, embora o PMDB esteja fortalecido com recentes vitórias de repercussão nacional (para prefeituras, Câmara e Senado), a iniciativa de migrar para o PMDB é do governador. “A definição é mais dele do que nossa (do PMDB)”, alertou. O prazo para isso, lembrou o ministro, é o estabelecido pela legislação eleitoral para troca de partidos (setembro).

PRESIDÊNCIA DO PARTIDO

O governador Aécio Neves acompanhou ontem a posse do deputado federal Paulo Abi-Ackel na presidência do PSDB em Minas Gerais. O parlamentar, que era vice-presidente da legenda no estado, entra no lugar do prefeito de Juiz de Fora, Custódio Mattos, que renunciou ao posto alegando falta de tempo para as duas funções. Pelo estatuto do PSDB, o partido tem 90 dias para realizar novas eleições, que podem confirmar Paulo Abi-Ackel no cargo ou optar por outro nome. O parlamentar assumiu com a meta, defendida pelo governador, de preparar a legenda para as eleições para governo do estado e para Presidência da República em 2010.

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