sexta-feira, 10 de abril de 2009

Emprego industrial recua pelo 5º mês

Janaina LageSucursal do Rio
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

Na comparação com fevereiro de 2008, nível de vagas no setor teve a maior queda desde o início da série, em 2001

Crescimento de 1,9% na folha de pagamento das empresas, segundo o IBGE, é consequência dos gastos relacionados às demissões

O nível de emprego industrial registrou queda de 1,3% em fevereiro na comparação com janeiro. O resultado representa o quinto mês seguido de taxas negativas. Segundo especialistas, os dados de fevereiro indicam que 2009 será um ano de corte de vagas no setor.

Ante fevereiro de 2008, o emprego industrial teve queda de 4,2%. Trata-se do pior resultado desde o início da série histórica, em 2001. "Essa queda reflete os efeitos da crise e a base alta de comparação. Em fevereiro de 2008, a economia estava aquecida e a indústria estava na fase de contratações", diz Ariadne Vitoriano, analista da consultoria Tendências.

Para Isabella Nunes, do IBGE, os resultados mostram que a reação da indústria no começo do ano não surtiu efeito sobre o mercado de trabalho.

"O movimento de corte de vagas atingiu 13 dos 14 locais pesquisados. As maiores pressões vieram de São Paulo, Minas Gerais e Centro-Oeste. A crise atingiu a maior parte dos setores, principalmente meios de transporte e máquinas e equipamentos." Somente em São Paulo, a queda no nível de emprego industrial foi de 3,6% em relação a igual mês de 2008.

De acordo com cálculos do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), desde outubro o nível de emprego na indústria caiu 5,2%. "Se a política econômica do governo brasileiro não agir de forma mais rápida e eficaz para a recuperação do crédito e do ânimo dos consumidores, o emprego industrial no país poderá sofrer, infelizmente, forte revés em 2009", diz o Iedi.

Em fevereiro, houve reação da folha de pagamento, com alta de 1,9% em relação a janeiro, após quatro meses seguidos de queda nesse tipo de comparação. Apesar disso, Nunes avalia que o aumento está mais relacionado ao pagamento de demissões e indenizações do que a uma melhora do mercado.

O indicador de horas pagas teve a maior queda desde o início da série, de 5,7% em relação a fevereiro de 2008. Na comparação com janeiro, o recuo foi de 0,4%.

Tradicionalmente, o primeiro passo para a ampliação da mão de obra é o aumento do número de horas pagas. O empresário tende a pagar mais horas extras antes de optar pela contratação de funcionários.

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