quarta-feira, 10 de junho de 2009

Serra critica 'política equivocada' do BC

Soraya Aggege, Evandro Éboli, Gerson Camarotti e Maria Lima
DEU EM O GLOBO

Mercadante diz que PIB foi acima do esperado. Berzoini fala em surpresa

SÃO PAULO e BRASÍLIA. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), afirmou ontem que a queda do PIB no primeiro trimestre é significativa, pois ainda não leva em consideração o crescimento demográfico. Portanto, o PIB per capita (PIB dividido pela população) será mais negativo ainda, diz o governador. Para Serra, possível candidato à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a queda na atividade econômica é reflexo da política econômica "equivocada".

- A política monetária do Banco Central continua com os juros mais altos do mundo, embora não haja risco algum, nem remoto, do retorno da inflação. É uma política equivocada, que não ajuda a combater a inflação - disse Serra, durante a inauguração de um centro para atendimento exclusivo de travestis.

No Congresso Nacional, a base do governo comemorou e a oposição minimizou a divulgação do PIB do primeiro trimestre que volta a mostrar recessão técnica. O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), disse que foi surpreendido "positivamente" com o resultado, que apresentou retração menor que a esperada.

- Foi acima da expectativa do mercado e mostra que a política econômica está no caminho certo e que o país não tem sido atingido pela crise internacional. Diria mais, que o Brasil já se descolou de vez da crise - disse Berzoini.

A líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), disse que o recuo de 0,8% no PIB do primeiro trimestre, menor que o esperado, demonstra que o país está saindo da crise:

- Todos nós aguardávamos um recuo maior do PIB, já que no último trimestre de 2008 houve queda significativa.

O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), foi na mesma linha:

- O PIB caiu menos que o projetado pelo mercado. Isso mostra que o Brasil tem conseguido amortecer os reflexos da crise financeira internacional no Brasil. Mesmo assim, é preciso aumentar as iniciativas neste sentido.

Mas a oposição preferiu chamar a atenção para a queda do PIB, confirmando a continuidade da crise no país.

- A queda do PIB confirma um cenário óbvio: a economia continua em crise. O Brasil precisa crescer entre 5% e 7% ao ano. Se a taxa fica negativa, é claro que isso é muito ruim para o país, que vai ficar atrasado - disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

O líder do Democratas na Câmara, Ronaldo Caiado(GO), disse que nem o governo, nem a oposição tem motivos para comemorar. A seu ver, é inevitável que a recessão técnica de hoje se transforme em uma "recessão de verdade" no final do ano.

O líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP), discorda. Ele disse que o resultado de ontem é o reflexo do freio do mercado no ano passado. Mas que tudo indica que já está havendo uma recuperação.

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