segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Japão: oposição obtém vitória esmagadora em eleição histórica

DEU EM O GLOBO ONLINE

TÓQUIO - O primeiro-ministro japonês, Taro Aso, anunciou sua renúncia como líder do partido que governou o Japão pelas últimas décadas em consequência da aparente vitória esmagadora do partido da oposição neste domingo, conforme indicam pesquisas de boca de urna. O Partido Democrata do Japão (PDJ) teria conquistado 308 das 480 cadeiras do Parlamento, impondo uma derrota sem precedentes ao Partido Liberal Democrata (PLD), que governou o país quase ininterruptamente nos últimos 54 anos.

- As pessoas estão de mal com a política e com o coalizão no governo. Sentimos as pessoas querendo mudanças e lutamos por uma mudança - disse o líder do PDJ, Yukio Hatoyama.

Hatoyama, neto de um ex-primeiro ministro, deve nomear uma equipe de transição na segunda-feira para preparar a tomada do poder.

Nos Estados Unidos, a Casa Branca divulgou um comunicado dizendo que o presidente Barack Obama espera "trabalhar em colaboração" com o novo premier japonês.

"Estamos confiantes que a forte aliança Japão-EUA e e parceria entre os dois países continuará a se desenvolver sob a liderança do próximo governo em Tóquio", disse a Casa Branca.

Segundo as pesquisas, a oposição teria quase o dobro de votos em relação aos conservadores. As principais armas do PDJ são a crescente desigualdade social que atinge o país e a necessidade de mudança no modelo da sociedade. Se confirmadas as projeções, o experiente atual premier Taro Aso deixa o cargo, pondo fim a uma era conservadora e abrindo espaço para que o oposicionista Yukio Hatoyama mude os paradigmas no Segundo o governo japonês, a participação nas eleições gerais deste domingo foi superior à registrada em 2005. Ao meio-dia (hora local) a participação dos eleitores japoneses era de 35,19%, 0,25% acima de 2005, segundo o Ministério do Interior.
Na jornada eleitoral de quatro anos atrás 67,5% dos eleitores japoneses foram às urnas durante as 13 horas em que os colégios ficam abertos.

Além disso, cerca de 14 milhões de pessoas já votaram antes da abertura das urnas - o que já é considerado um recorde histórico. Nas últimas eleições gerais, realizadas em setembro de 2005, 8,96 milhões de japoneses exerceram o direito ao voto antecipado.

Desde sua criação, em 1955, o Partido Liberal Democrata só deixou o poder por um breve período no início da década de 90. A história do partido se confunde com a do Japão. O PLD acompanhou o milagre econômico do pós-guerra e sobreviveu à crise dos anos 90, a chamada "década perdida". Mas, envelhecido, já não pode respirar sob os escombros da recessão. Às vésperas da eleição, foi anunciado o desemprego recorde de 5,7%. O país enfrenta deflação, teve crescimento negativo durante 15 meses, reagindo timidamente no último trimestre, e o déficit chega a 170% do PIB.

A favorita é uma força que nunca governou, o Partido Democrata do Japão (PDJ), que poderia levar até 300 das 480 cadeiras disputadas, elegendo o novo primeiro-ministro.

- Não acreditamos mais no futuro. Sempre votei no PLD, mas agora votarei na oposição. Acho que a responsabilidade só vem quando há uma mudança - diz a filha de um parlamentar de uma cidade no norte do Japão.

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