segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Serra vai à BA e PMDB rompe com o governo do PT

Cristiane Agostine, de Brasília
DEU NO VALOR ECONÔMICO

A oposição ao governo federal tentará capitalizar a ruptura entre PT e PMDB na Bahia para reforçar o palanque de José Serra (PSDB) no Nordeste. Com a saída do PMDB do governo de Jaques Wagner (PT), PSDB e DEM buscam aproximar-se de Geddel Vieira Lima, pré-candidato ao governo do Estado pelo PMDB.

Hoje José Serra, governador de São Paulo, visitará o Estado e terá encontros com Jaques Wagner e com o prefeito de Salvador, João Henrique (PMDB). Oficialmente, a visita é para assinar convênios. No fim do mês, Serra deverá voltar ao Estado para uma palestra na Associação Comercial. Cotado como pré-candidato à Presidência, o tucano discutirá com dirigentes do PMDB, DEM e PSDB alianças na Bahia. O Estado é o maior colégio eleitoral comandado pelo PT.

O PSDB apoia a candidatura de Paulo Souto (DEM) e dirigentes tucanos apostam no desgaste da aliança entre PT e PMDB no Estado para dificultar a reeleição de Wagner. A oposição quer forçar a disputa para o segundo turno entre Souto e Wagner, para aliar-se aos pemedebistas e, dessa forma, reforçar o palanque para José Serra na disputa presidencial, na região onde o PSDB tem maior dificuldade eleitoral.

Tucanos acreditam na possibilidade de reedição desse apoio do PMDB à oposição e que Geddel desista de sua candidatura para apoiar Paulo Souto já no primeiro turno. Em troca, disputaria o Senado pela chapa. Geddel, ministro da Integração Nacional, teria de sair do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e aliar-se à oposição.

O PT irritou-se com a ruptura. O diretório baiano do partido pressiona Geddel para que saia "o quanto antes " do governo. "Se ele não está em sintonia com o PT, não pode ficar no Ministério da Integração Nacional", reclamou Jonas Paulo, presidente do PT baiano. O partido lançou a reeleição de Wagner em março e ofereceu a Geddel a vaga para disputar o Senado, mas o ministro rejeitou. A direção nacional do PT considerava como prioritária a aliança no Estado, para fortalecer a candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência.

A ruptura entre PMDB e PT foi oficializada na semana passada, quando o partido entregou os cargos que possuía no governo estadual: a secretaria de Indústria e Comércio, de Infraestrutura e até mesmo o comando da Junta Comercial, que era dirigida pelo pai de Geddel. A aliança entre os dois partidos derrotou Paulo Souto em 2006 no primeiro turno e interrompeu a hegemonia do grupo do falecido senador Antonio Carlos Magalhães no Estado. A aproximação, entretanto, não durou muito e desgastou-se na eleição municipal de 2008, quando os dois partidos enfrentaram-se na disputa pela Prefeitura de Salvador. Geddel articulou uma chapa antiPT com o DEM do deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, reelegendo o pemedebista João Henrique.

A aproximação entre Geddel e o PT é recente. Ele foi líder do PMDB durante o governo de Fernando Henrique Cardoso e fez oposição ao governo Lula no primeiro mandato do presidente.

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