terça-feira, 15 de setembro de 2009

Serra e Aécio já alinham discurso anti-PT para 2010

Julia Dualibi
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Governadores anunciam que estarão juntos nas eleições para Presidência

No momento em que o PSDB começa a ajustar o discurso de oposição para disputar a eleição de 2010, os dois potenciais nomes tucanos para entrar na corrida, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), alinham o repertório e trocam elogios para mostrar unidade partidária. Em encontro em São Paulo, os dois criticaram a "volúpia arrecadadora" e "centralizadora" do governo federal e enalteceram as parcerias políticas e administrativas entre os dois Estados.

"Minas e São Paulo juntos constituem uma força apreciável", disse o governador paulista, ao citar que a União arrecada nos dois Estados 49% dos seus tributos. "Isso mostra a importância dos dois Estados atuarem juntos para conter a volúpia centralizadora federal, que hoje prevalece no nosso País." Os governadores participaram da inauguração da Casa de Minas, escritório de promoção de negócios em São Paulo.

Aécio falou da "afinidade" que tem com Serra e disse que eles estarão juntos, "independentemente da posição". O mineiro também criticou o crescimento da "volúpia arrecadadora do governo federal" e a "concentração permanente e crescente dos tributos" pela União.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi o principal patrocinador da aproximação entre os dois tucanos, usou o mesmo tom. "O importante é a mensagem dada. Não é só o PSDB unido, e unido a outros partidos, mas é fazer um Brasil mais aberto. Não ser tudo centralizado, não ter uma pessoa só que manda. Hoje parece que o Brasil depende de um homem só. Tem de ser uma coisa mais democrática."

Aécio e Serra buscam a indicação do partido para disputar a eleição. A tendência é que até o começo de 2010 um desista da disputa em nome do outro - a principal aposta internamente é que Aécio abra mão para Serra, mais bem colocado nas pesquisas de intenção de voto.

Ao chegar no local, Aécio negou que tenha desistido de disputar prévias. "Se depender de mim, tem prévia. O que é prévia? É uma consulta ampla ao partido. A prévia tem de ser vista como uma coisa absolutamente saudável, uma forma de nós mobilizarmos as bases", afirmou. Mais tarde, ao lado de Serra, disse: "A única coisa que posso garantir a vocês é que São Paulo e Minas, Serra e eu, estaremos juntos."

Questionado a respeito do tema, Serra disse que a prévia "pode ser um instrumento". "É um instrumento como há outros também", destacou. "Se for o Aécio, serei o primeiro a lhe levantar as mãos e estar nas ruas fazendo sua campanha", acrescentou, demonstrando afinidade com o colega mineiro.

MESTIÇOS

Aécio voltou a descartar a possibilidade de compor uma chapa puro-sangue com Serra, na qual entraria como candidato a vice. E Serra brincou com a expressão. "Olha aqui, o PSDB não tem a pretensão de ter sangue puro, mais puro que os outros. Porque o sangue já tem uma conotação arrogante tipo: "O sangue é melhor do que o do DEM, ou o sangue dos outros." Temos todos sangue parecido."

"Nosso sangue é mestiço", completou o mineiro, que voltou a defender alianças com outros partidos para vice.

Principal entusiasta da chapa Serra-Aécio, FHC afirmou que a chapa puro-sangue depende das circunstâncias. "Mas o que diz o governador Aécio é verdade. Pode ser mais interessante que façamos uma aliança política com outro partido, então teremos aliança."

Serra elogiou o presidente mineiro Juscelino Kubitschek . Disse que ele propiciou um salto de qualidade no progresso nacional. Aproveitou e cutucou. "São os anos que o Brasil crescia, isso sim, a taxas que hoje são asiáticas, que são longe das nossas, a 7%, 8%, ao ano." Contou uma história de quando era líder estudantil e se encontrou com JK. O ex-presidente teria dito que em política um candidato ótimo é inimigo do bom. "Na vida pública, às vezes, você tem de achar que o bom é bom e não querer um ótimo que não vem", explicou depois Serra.

Em seu discurso, Aécio disse ser "um mineiro de alma carioca". O governador montou um palanque eclético no evento. Estiveram por lá Ronaldo, jogador do Corinthians, Bernardinho, técnico da seleção brasileira de vôlei masculina, o humorista Tom Cavalcanti e o apresentador Luciano Huck.

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