sábado, 10 de outubro de 2009

Mais de 1,2 milhão de jovens no País são ociosos, diz IBGE

Wilson Tosta
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO


Quase 6% da faixa de 18 a 24 anos não estuda, não trabalha e não ajuda em casa

A Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE mostra que, em 2008, 1,2 milhão de jovens de 18 a 24 anos não exerciam atividades produtiva – não trabalhavam, não estudavam e não ajudavam em afazeres domésticos. O número representava 5,37% do total da população nessa faixa etária. O fenômeno se deve em boa parte ao desemprego, mas outros fatores, como deficiências, doenças ou simplesmente falta de ocupação, também pesaram, segundo os pesquisadores. A inatividade é maior entre os homens, porque as mulheres, quando não têm emprego, em geral se incumbem de tarefas domésticas. Por outro lado, na mesma faixa etária, passou para 13,9% a proporção dos jovens que cursam uma universidade. Uma década antes, o porcentual era de 6,9%. O índice de brasileiros que freqüentam instituição de ensino superior, independentemente da idade, chegou a 30%. O crescimento se explica pela expansão das universidades e pelo aumento da oferta de bolsas do governo federal.

Mais de 1,2 milhão de jovens estão ociosos no Brasil, segundo IBGE

Eles representam 5,37% dos brasileiros entre 18 e 24 anos e não trabalham, não estudam, não ajudam em casa

Mais de 1,2 milhão de jovens de 18 a 24 anos não exerciam, em 2008, nenhuma atividade produtiva no Brasil, segundo números apresentados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Síntese de Indicadores Sociais referente ao ano passado. Essa enorme ociosidade juvenil - 1.245.270 pessoas que não estudavam, não trabalhavam e não ajudavam em afazeres domésticos - atingia 5,37% dos 23.242.000 brasileiros desta faixa etária no País. Ela se deve, em boa parte, ao desemprego.

O levantamento foi feito por técnicos do IBGE com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada em setembro. Os números da falta de atividade produtiva de parte dos jovens brasileiros foram calculados pelo Estado, a partir da síntese.

Segundo o IBGE, a inatividade em 2008 era maior no sexo masculino, com 943.675 homens que não trabalhavam, não estudavam e não ajudavam em afazeres domésticos. Eram 301.591 mulheres na mesma situação. Entre os rapazes, havia 300.344 inativos de 18 a 19 anos e 643.335 de 20 a 24 anos; entre as garotas, 88.209 na primeira faixa, e 213.382 na segunda.

O grande número de jovens sem atividade produtiva chamou a atenção da pesquisadora Lara Gama, do IBGE, que trabalhou no capítulo referente a crianças, adolescentes e jovens da síntese. "Uma parte dessas pessoas sem atividade estava procurando emprego, cerca de metade dos homens que disseram não fazer nada estava nessa situação", diz Lara.

Ela explica que o IBGE limitou-se a apresentar aos entrevistados cinco opções de resposta - só trabalha, só estuda, trabalha e estuda, cumpre afazeres domésticos e não faz nada -, mas não perguntou o motivo. "Outra parte pode ter deficiências, doenças ou simplesmente não tem uma ocupação, mas não é possível determinar o motivo", afirma.

A pesquisadora diz que a falta de atividades é menor no sexo feminino por vários motivos: as mulheres estão entrando mais fortemente no mercado de trabalho e, quando não têm emprego, em geral se incumbem de tarefas domésticas.

Uma quantidade muito maior de jovens na mesma faixa etária, porém, declarou exercer atividades produtivas. Ao todo, 3.853.755 homens e mulheres dessa idade (16,58% do total) acumulavam trabalho e estudo. Outro grupo, formado por 3.236.267 pessoas, só estudava. E 11.051.503 só trabalhavam.

FAMÍLIAS

A inatividade de parte expressiva dos jovens brasileiros se dá em um quadro de melhoria da distribuição de renda, embora permaneçam grandes os níveis de desigualdade. Em 1998, 27,3% das pessoas com até 17 anos viviam em famílias em situação de extrema pobreza, com renda familiar per capita de até um quarto do salário mínimo. Em 2008, essa proporção caiu para 18,5%.

Quase metade, porém, ainda vivia, no ano passado, em famílias com menos de meio salário mínimo de renda familiar per capita (44,7%). No Nordeste, a proporção de jovens em famílias pobres ou extremamente pobres era maior, 66,7%, ante 73,1% em 1998. "Tais melhoras podem ser atribuídas ao efeito de políticas públicas de transferência de renda", diz o estudo.

A síntese também aponta a redução da população brasileira mais jovem. Em 1998, as crianças de zero a 6 anos eram 13,2% da população, passando a 10,2% em 2008. Menos da metade da população (43,2%) estava na faixa de zero a 24 anos, o que coloca o Brasil entre os países em processo de envelhecimento.

A pesquisa se baseou na Pnad - na qual 2,5 mil pesquisadores ouviram 391 mil pessoas em 150 mil domicílios. Outras bases de dados foram consultadas.

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