sábado, 17 de outubro de 2009

Polêmica entre surdos

Brasília-DF :: Luiz Carlos Azedo
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE


Qual é a diferença programática entre os governistas Dilma Rousseff (PT) e Ciro Gomes (PSB) e os governadores tucanos José Serra (SP) e Aécio Neves(MG)? Para o establishment nacional, por enquanto, é mais ou menos como trocar o assim pelo assado, pois o governo Lula realizou as tarefas que havia herdado do governo anterior. Deu uma guinada neokeynesiana depois da crise econômica, como os demais governos do mundo. A atual retórica nacional-desenvolvimentista do PT é semelhante àquela da reeleição de Lula, em 2006, quando carimbou na oposição a pecha de “privatizadora e entreguista”.

A oposição apoiou a política econômica “social-liberal” do governo Lula durante todo o primeiro mandato. Constrangida, colaborou com a atual política anticíclica para evitar “o quanto pior, melhor”. Mas deixou a sensação de que o governo lhe tomou as bandeiras e não foi capaz de erguer novos estandartes, muito menos resgatar os antigos. Do ponto de vista do eleitor, qual será a diferença? O presidente Lula desafia os adversários a comparar o seu governo com o anterior, mas os tucanos fogem desse confronto. Serra afirma que não é hora de fazer campanha eleitoral e que nem sequer decidiu ser candidato. Aécio tira por menos e só que saber de discutir o “pós-Lula”.

Crítica

Quem faz a crítica ao projeto nacional-desenvolvimentista do governo Lula é a senadora Marina Silva do Acre, candidata do PV, que defende uma alternativa de desenvolvimento socioambiental. É a antítese do modelo de desenvolvimento proposto pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que resgata o antigo Plano Nacional de Desenvolvimento do governo Geisel. Além da simpatia do meio empresarial comprometido com a questão ambiental, no Brasil e no Exterior, Marina seduz os setores do movimento social organizado ligados aos ambientalistas e às comunidades eclesiais de base.

Comitiva

O líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (foto), apesar de velho amigo de Dilma Rousseff, não pretende arrefecer a marcação sobre seus passos como candidata governista. Cobra da Casa Civil informações sobre os gastos com a caravana de Lula no São Francisco: “Ao todo, nove cozinheiros e 20 garçons obsequiaram uma farta mesa aos convidados, em três restaurantes distintos — um com capacidade para atender a 72 pessoas e outros dois capazes de abrigar 64 pessoas cada um”, destaca o novo requerimento do deputado. Aníbal questiona ainda como ocorreu a construção de um heliponto e uma sala de imprensa com 14 laptops no acampamento que ofereceu 50 vagas para pernoites dos profissionais de imprensa que cobriam a visita.

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