sábado, 7 de novembro de 2009

Captação da poupança cai 70,3% em outubro

DEU EM O ESTADO DE S. PAULO

Apesar do resultado, depósitos superaram saques pelo 6º mês

Fernando Nakagawa

Os depósitos superaram os saques na poupança pelo sexto mês seguido em outubro. Dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram que as contas tiveram captação de R$ 1,04 bilhão no mês passado. Apesar do resultado positivo, esse foi o pior desempenho das cadernetas desde abril e, na comparação com setembro, o valor foi 70,3% menor.

Para analistas, a retomada da economia e da confiança do consumidor eleva os gastos das famílias. Além disso, é possível que alguns investidores já comecem a se posicionar em outras opções para aproveitar uma possível alta da Selic em 2010.

O relatório divulgado ontem mostra que, além da captação positiva, as cadernetas tiveram rendimento de R$ 1,48 bilhão no mês passado. Assim, em 30 de outubro o saldo mensal de todas as cadernetas ultrapassou R$ 300 bilhões pela primeira vez na história: R$ 302,4 bilhões.

O relatório mostra que o ritmo de captação da poupança caiu na comparação com os meses anteriores e voltou a um nível comparável ao observado em 2008 até agosto, quando a economia andava a todo vapor, antes do agravamento da crise. Naqueles oito meses, a média mensal de captação era de R$ 1,06 bilhão.

"É possível que as famílias que guardaram mais dinheiro na saída da crise estejam mais confiantes com a economia. Isso dá segurança para consumir mais, o que reduz a capacidade de poupança das pessoas", diz o professor de finanças do Insper, antigo Ibmec, Ricardo José de Almeida.

Nos meses de saída da crise, famílias tendem a economizar mais pela lembrança recente da turbulência. Isso explica o forte desempenho das cadernetas entre maio e setembro, cuja captação média mensal ficou positiva em R$ 3,45 bilhões.

Almeida também lembra que é possível ver o início do movimento de alguns investidores em busca de posições mais adequadas para a perspectiva de início do aumento das taxas de juro, movimento esperado para 2010.

Segundo ele, é provável que um número cada vez maior de investidores opte por aplicações que acompanham o CDI - taxa de juros que tem como referência a Selic - como os fundos DI, em detrimento de alternativas como as carteiras de renda fixa e a própria poupança.

Almeida também lembra que uma parte do bom resultado dos últimos meses também é explicada pela migração de investidores que saíram dos fundos para a poupança porque essa alternativa de aplicação não pagava Imposto de Renda, ao contrário dos fundos. Mas em maio o governo anunciou que a partir de 2010 cadernetas com mais de R$ 50 mil pagarão Imposto de Renda.

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