quinta-feira, 5 de novembro de 2009

PMDB quer apoio do PT em cinco Estados

DEU NO VALOR ECONÔMICO

Raymundo Costa, de Brasília

Na ponta do lápis, o PMDB precisa que o PT o ajude em cinco Estados para assegurar o apoio da maioria dos convencionais do partido à chapa a ser encabeçada por Dilma Rousseff na eleição para presidente de 2010. Esta foi a conta apresentada pelos pemedebistas ontem ao PT na primeira reunião formal das duas siglas para discutir palanques regionais, agenda, programa e participação no futuro governo, caso Dilma saia vencedora da eleição.

Os Estados são Minas Gerais, Rio de Janeiro, Ceará, Pará e Mato Grosso do Sul. São cinco dos maiores colégios eleitorais do PMDB. A perda do apoio de apenas dois deles pode implicar a transferência da maioria para o grupo que hoje pensa em apoiar o candidato do PSDB a presidente, provavelmente o governador de São Paulo, José Serra. O PMDB também quer que sejam estabelecidas regras de convivência onde não for possível um acordo entre as duas siglas.

Na reunião, da qual participaram dez pemedebistas e quatro petistas, ficou acertado que mais tarde será criada uma comissão executiva para tratar da aliança. Como o PT está em transição, em processo de eleição de seus diretórios regionais, só em nova reunião, marcada para o dia 25 deste mês, PT e PMDB esperam avançar mais nas questões regionais. Em alguns dos cinco Estados - caso de Minas Gerais -, a negociação depende fundamentalmente dos novos dirigentes que o PT deve eleger nos próximos dias.

O PMDB quer um acordo para lançar a candidatura do ministro das Comunicações, Hélio Costa. Na avaliação da direção nacional do partido, um acordo será mais viável se o grupo do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) vencer a disputa no PT. Mas o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel é o favorito e já conversa com o PMDB regional. Costa, segundo avaliações nos dois partidos, não teria mais que 10% do diretório regional. Na reunião, o ministro propôs o estabelecimento de um critério: sai candidato aquele mais bem situado nas pesquisas.

Além de Costa, participou também da reunião o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), que se lançou como candidato ao governo da Bahia, posto atualmente ocupado pelo PT. Neste caso, o PMDB quer estabelecer não só uma regra de convivência (os candidatos evitariam o jogo baixo) como também acertar previamente a participação do presidente Lula nos palanques dos aliados da Bahia: ou vai aos dois (de Jaques Wagner e Geddel Vieira Lima) ou a nenhum dos dois.

No Ceará, o PMDB quer assegurar uma vaga ao Senado para o deputado Eunício Oliveira, mas a vaga na chapa da aliança é reivindicada pelo ministro da Previdência, José Pimentel (são duas as vagas em jogo, mas uma delas deve ser do senador Tasso Jereissati, caso ele não concorra ao governo estadual). No Pará, o deputado Jader Barbalho rompeu com a governadora petista Ana Júlia, cuja reprovação é alta, segundo as pesquisas, mas pode viabilizar um acordo por meio do deputado Paulo Rocha. Em Mato Grosso do Sul, o PMDB quer apoio na reeleição do governador André Puccinelli, mas Zeca do PT se lançou candidato.

Os cinco Estados representam mais de 300 votos na convenção do PMDB - para atingir a maioria, são necessários 292 votos. Perder Minas Gerais (66 votos) e Pará (58), por exemplo, significa 124 votos que podem mudar de lado. O Rio de Janeiro, com 78 votos (os dirigentes do PMDB não conseguem concordar quanto ao número de delegados e de votos), é o Estado com maior peso na convenção e hoje está majoritariamente ao lado do presidente Lula. O diretório do PMDB de São Paulo, controlado pelo ex-governador Orestes Quércia, tem a metade dos votos do Rio.

O PT compareceu com menos representantes à reunião para evitar que, logo no primeiro encontro, emergissem os conflitos regionais. O PMDB também quer que o PT reconheça que o partido não tem como entrar unido na aliança e apoie seus candidatos nos Estados atualmente governados pela sigla. O deputado Ricardo Berzoini, presidente do PT, reconheceu que os interesses da candidata (Dilma) e os do partido (PT) são diferentes.

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